Tempo de mudança

O novo ano começa a ser delineado com as resoluções idealizadas. Estas são, muitas vezes, baseadas nos projetos que deixámos a meio ou nas crescentes iniciativas que queremos abraçar.

Por múltiplas razões, nem sempre nos é permitido materializar aquela ideia muito criativa e inovadora que dá asas ao sonho e significado ao bater do coração. Ficamos, uma e outra vez, ancorados ao que nunca se fez, mas sempre se quis alcançar. Desta forma, a passagem de ano acarreta em si o início de um ciclo.

Sentimos as emoções ao rubro com a perspetiva de um recomeço, um novo sentido para a vida que se tornou monotonamente mais segura e cómoda. Sem grande desgaste, sem grande entrega, abrigamo-nos no conforto das rotinas que com demasiada convicção nos impusemos no decorrer dos dias.

No desapego do que ficou por concretizar, definimos um novo eu. Um ser, igual a si mesmo no que às virtudes diz respeito, ainda que a pretensão seja avolumá-las, aperfeiçoado com afinco a cada passa ingerida acompanhada de uma bebida adocicada.

A entrega na renovação deste recente indivíduo, aquele que jaz adormecido dentro de cada um de nós, melhor preparado para as vicissitudes do que está por chegar, povoa todo o nosso consciente e deixa antever a superação de desafios até então intransponíveis.

Desta feita, é tempo de retirar da gaveta pergaminhos repletos de rabiscados objetivos para que conheçam finalmente a luz do dia. Reflexões que nos aprimoram o espírito que se vê preparado para se sentir um guerreiro em pleno campo de batalha e cujas vitórias simbolizam o sucesso alcançado, enquanto caminho percorrido.

Nem tudo é um leve e cândido sorriso. Sabemos de antemão que derrotas hão de chegar assomando-se a outras tantas, ainda que tais percalços façam também parte do cruzar das metas pretendidas.

Surgem assim, trezentos e sessenta e cinco dias a estrear. Uma série de oportunidades para pincelar de cores diversas os desejos mais inconfessáveis, alguns dos quais, adiados por demasiado tempo.

Quando soaram as doze badaladas, mergulhámos suavemente em janeiro, amparados pela vontade de um recomeço e pela motivação de finalmente repetirmos tudo o que de bom e de mau aconteceu, porque afinal fomos tão felizes que queremos continuar a sê-lo.

Não o sabemos, mas a verdade é que o novo ano não será diferente do anterior. Este revelou-se o melhor de todos e assim continuará por muitos e longos infindáveis momentos!

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