O maior desafio da nossa vida é sermos nós próprios.
É ser 100% verdadeiro com os outros e, sobre todas as coisas, ser 100% verdadeiros connosco próprios. A maioria das pessoas não se permite ser verdadeira consigo, porque eventualmente tem de admitir os próprios defeitos.
E todos temos defeitos.
Fica muito mais simples, fabricarmos uma imagem de nós mesmos a roçar a perfeição, atribuindo um ou outro defeito vago, mas aceitável.
Nós admitimos ser gulosos, mas nunca viciados em porcarias doces, daquelas que fazem muito mal. Admitimos ser teimosos, mas só quando temos razão e esquecemo-nos de todas as vezes que marramos por uma coisa sem sentido. Admitimos ligeiros defeitos, mas nunca o defeito que conseguimos ver nos outros.
Diariamente ouço pessoas a queixarem-se de outras apontando defeitos que eu claramente vejo nelas próprias. Provavelmente, os outros dirão o mesmo de mim.
Chego à conclusão que os defeitos que nós mais claramente vemos nos outros, são aqueles que, inconscientemente, nos incomoda em nós. Eu digo “inconscientemente”, porque creio que ninguém alimenta um defeito consciente. Pelo menos tenho ainda essa fé na humanidade.
Quando reconhecemos os nossos aspetos negativos, tentamos mudar. No entanto, como a tarefa é árdua, arranjamos mil e um estratagemas para nos enganarmos e, assim, facilitar a que os outros sejam também enganados. Não resulta muito bem. Os outros conseguem decifrar esses esquemas, do mesmo modo que os conseguimos topar nas artimanhas deles.
Isto é um jogo que todos jogamos e, quando aparece alguém completamente honesto, temos a tendência para lhes chamar de doidos ou malucos.
Os malucos são aqueles que dizem o que pensam, não deixam nada por dizer e que assumem os seus defeitos e aceitam os defeitos alheios. Essa é que é essa.
E eu cada vez estou mais maluca!