A tecnologia é o que quisermos fazer dela, como a quisermos usar. Talvez não tenhamos tanto pulso firme e comando como queiramos pensar, depende da que usemos e como usemos.
Às vezes, comanda-nos e controla-nos, somos controlados pela forma de funcionar das máquinas, pela forma como se estrutura e equilibra na nossa vida, por quem é e para o que serve, seja para nos melhorar a vida ou para a aliviar.
Pode ser várias coisas ao longo do tempo: falar sobre tecnologia assim é sempre relativo. Se o objetivo que temos para ela não está a funcionar, é porque aquela tecnologia não serve. Ela só tem poder de ser o que é se deixarmos, podendo tomar conta da nossa vida ou não. É a «velha questão»: controlamos a vida ou somos controlados por ela?
Se a tecnologia está a ocupar demasiado espaço, é porque funcionamos mal com ela e devemos repensar os nossos gestos ou substituir a máquina e ir com ela à oficina. Há na interdependência uma vitória, por um lado, e uma derrota, por outro. A independência é posta em causa: um jogador numa equipa está entre o indivíduo no corpo e o coletivo (a tática é uma boa imagem) dos indivíduos no todo, e em todos os momentos e áreas temos essa luta. O computador, por exemplo, permite-nos ter a música de que gostamos, que escolhemos, do início do mundo ao mundo moderno, contacto com os amigos e escrever mais eficientemente e com maior velocidade, pensando neste texto.
Não posso dizer que passo mal uma tarde a pensar nas propostas que a equipa do Repórter Sombra me faz, pois são desafios estimulantes e formas de me perguntar como entendo a vida. Sem tecnologia era bem mais difícil. Escrever à mão é mais liberto por ser feito menos vezes, sabe melhor, mas teria outras nuances se fosse feito com mais regularidade. Seria diferente. Por um lado, mais acompanhado: na internet, tens a sensação de que estás com o mundo, por vezes, mas, por outras, estás mais isolado — muita gente vem a tua casa, mas almoças sozinho.
A tecnologia como todo e em conjunto não existe. Não podemos pensar que toda a tecnologia é boa ou má, já que depende de muita coisa. Para que serve? Do que é feita? Do espaço, do tempo, do clima. Tudo depende de tudo. É connosco trazê-la para perto, ou mantê-la afastada, de nós. É um jogo complicado e que envolve cada um no todo. São escolhas, é a vida!
Ninguém nos disse que a vida seria fácil e cada um tem a sua para tecer, pintar, cozinhar, criar e muitos verbos mais ficariam aqui bem, com certeza. Cada um desses verbos usa tecnologia diversa para ser. Pintar o teu quadro mais bonito, aprender a viver com determinadas limitações gera forças, resiliências que dão bonitos tons. Cada pessoa tem o seu campo para lavrar e há quem tenha campos mais secos e áridos.
Em princípio, e no fim, só usamos a tecnologia que e quando nos convém. No entanto, o que é melhor para ti e para mim, pode não ser o melhor para o todo! Ou, raramente, a maioria tem razão ou quer tanta coisa diferente como lojas num shopping e escolhas num buffet com todos os pratos de um menu internacional. As vontades são inúmeras. Toda a gente tem de decidir se se une ou separa dos grupos que são tantos como idades e/ou estilos de vida, cores. músicas, espectáculos/filmes e outras artes.
A questão do tempo e do espaço ao longo da vida é sempre variável e não há quem os faça iguais: nem casados, nem irmãos, nem amigos, por mais amor que exista, nem nós faremos duas vezes as coisas iguais ao longo da vida.
Há cada vez, mais ecrãs: telemóveis, computadores, tablets. E mais individualidade.