O filho único.

O nascimento dos filhos, sempre um momento mágico e único, que podem ver aqui , noutro artigo do Repórter Sombra. Os meus bisavós tiveram muitos. Nos dias que correm, pensa-se em ter um, ou dois, mas mais tarde. A vida não está fácil e há que economizar, para lhes podermos dar o melhor. Por outro lado, há quem defenda, em Portugal ou lá fora, que são necessários mais filhos para renovar o tecido social e pagarmos as reformas dos que agora trabalham, e incentiva-se (ou não) a natalidade. Enquanto isso, na China…

…vai fazer agora um ano que o governo deu os primeiros passos para alterar, efectivamente, a sua política de natalidade, permitindo aos casais com apenas um filho, conceber o segundo. A chamada política do Filho Único, implementada no final dos anos 70, criminalizava os casais que não obedecessem a esta lei e terá gerado uma rede informal de abortos e corrupção, para obviar um segundo nascimento. Apresentava-se como algo atentatório dos mais fundamentais Direitos Humanos – o direito à vida -, uma vez que milhões de seres humanos nascidos, ou por nascer terão sido mortos, por causa desta lei. Não terão sido apenas as pressões internacionais a influenciar esta mudança, mas o envelhecimento e a diminuição da população activa (segundo dados da ONU), que preocupava, então, o Governo de Pequim. Estima-se que mais de 25% da população no território chinês tenha mais de 65 anos, em 2050. Enquanto isso, em Inglaterra…

… o debate sobre o excesso de população é mais amplamente discutido. Organizações, como a Population Matters, trazem para o primeiro plano a questão do crescimento desmesurado da população mundial, que se traduzirá na falta de recursos do planeta e na extinção de muitas outras formas de vida. Ora esta associação, que existe há já vinte anos, advoga aquilo que me parece elementar. Não há recursos suficientes para todos os seres humanos viverem de forma digna num futuro próximo, sobretudo, se continuarmos a replicar os padrões de consumo e estilo de vida do ocidente, no resto do mundo. Agregados familiares como os de Sasha, ou Claire (ver artigo), no Reino Unido, tiveram já esta discussão e decidiram não ter mais filhos. Uma decisão consciente, não forçada.

Parece-me que, com os avanços tecnológicos que progressivamente permitiram libertar o homem dos trabalhos pesados e poupar tempo na execução das tarefas, se deveria realmente racionalizar o tempo, o salário e a produção para que todos tenhamos uma melhor qualidade de vida. Porém, andamos ainda em campanha a favor das famílias numerosas, acreditando que será apenas com mais contribuintes que poderemos relançar a economia e garantir o futuro do estado social. Não compro essa falácia. Parece-me realmente imprudente continuar a insistir nela.

rs 31 out

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