Se a nossa mente fosse um lago, a meditação seria aquela espécie de cana de pesca com rede que começava por apanhar o plástico de pensamentos tóxicos que flutuam à tona de água. As latas vazias, coladas a rectângulos de papel onde se lê “Medos” e “Culpas” abririam caminho à profundidade e escuridão. Aí, a meditação já agiria como um comprimido de cloro: eliminava os fungos, as bactérias e o calcário que decoram a auto-estima, infectada com lixo trazido pelo vento dos outros.
Quando meditas não precisas de prestar atenção aos plásticos, às latas e aos restos do mundo que ficam em ti. Meditar não é distrair-se com pensamentos, decidir o que vai ser o almoço ou jantar ou se temos que colocar roupa para lavar. A meditação é tirares da tua mente, tudo o que não te interessa, tudo o que te pesa, tudo o que te impeça de mergulhar.
Meditar é estares contigo. É perder-se no tempo, é esquecer-se do mundo e estar em si. Meditar é recolher-se, ficar “offline”, desligado para os outros e “on the line” para ti. Não precisas de estar em alerta e deixar-te incomodar. Na verdade, só precisas de respirar.
Desliga-te. Senta-te. Sente-te. Espalha a luz pelas células, sincroniza-te com as raízes que nascem e adormecem em ti. Leva o ar até às entranhas, embarca o oxigénio numa viagem, mesmo que a sintas estranha.
Põe o teu corpo a funcionar. Junta dedo a dedo de cada mão, sente o que a pele abriga em ti. E inspira. Enche-te de ar. Profundo e bem no fundo, deixa-o entrar.
Expira, liberta tudo o que não interessa. Não caias na conversa. Deixa os pensamentos seguir. Os barulhos que te incomodam, deixa de os ouvir. Aceita-os. A tua atenção é onde está o foco e o foco agora deve ser tu.
Silencia-te, porque TU mereces.
Ilumina-te, porque TU precisas.
Concentra-te em quem TU ÉS.