Michael Schumacher: o Kaizer da Fórmula 1

Os números não enganam, Michael Schumacher é o melhor piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. Apesar dos recordes batidos ao longo de 18 anos de carreira na categoria, Schumacher é de longe um piloto consensual.

No seu registo, tem 7 títulos de campeão mundial, 91 vitórias em Grand Prix, 5114 voltas na liderança, 68 pole positions, 155 pódios e 77 voltas mais rápidas. Mesmo assim há quem conteste o campeão alemão.

Quando se retirou no ano de 2012, o piloto alemão fez uma reflexão sobre a sua carreira, as suas vitórias, sobre o seu regresso em 2009, depois do anúncio de término de carreira em 2006, e sobre as derrotas, sobre as quais declarou que “perder pode ser mais difícil e instrutivo do que ganhar”. Algo que assume ter acontecido algumas vezes no início da sua carreira.

No final da década de 80 e durante a de 90, Michael correu na Formula 3, onde conquistou notoriedade e adivinhava-se um futuro promissor para o corredor. O dia 25 de Agosto de 1991 marca o início da carreira de Schumi, no grande prémio da Bélgica. Porém, é a Monza que Schumacher tem a maior ligação, é nesta pista onde em 1996 vence um GP ao volante da Ferrari, algo que não acontecia desde 1988. Em 2000, vence pela primeira vez com a Ferrari e conquista os Tifosi. É também aqui que se dá a colisão com David Coulthard e onde, em 2006, anuncia a sua retirada das pistas pela primeira vez.

A carreira do piloto é feita de momentos que para sempre ficarão na memória dos fãs da modalidade. Em 1994, venceu o seu primeiro título, no grande prémio da Austrália, entrando na história como o primeiro alemão a vencer na Formula 1. Em Adelaide, o piloto que somava 93 pontos, 2 pontos à frente de Damon Hill, sai da pista e embate contra um muro danificando o seu carro. Mesmo assim Schumacher regressou para pista e tenta evitar que Hill o ultrapassasse, provocando um choque entre os dois carros. Apesar dos esforços do piloto da Williams que continuou na corrida, não foi possível somar pontos, entregando, assim, o título ao alemão da Benetton.

Na vitória de 1995 em Nürburgring e a jogar em casa, Schumacher mostrou uma força de vencer espantosa. Quando partiu do terceiro lugar, o carro da Benetton fez um esforço Hercúlio a tentar ganhar vantagem sobre a Williams… e conseguiu. Na disputa contra Jean Alesi, Schumi alcança a liderança da corrida, conseguindo uma vantagem de 2.6 segundos. Na Bélgica, num episódio memorável, o Kaiser vence de forma espantosa – partindo de um 16º lugar, sobre chuva intensa e com pneus de pista seca, domina Damon Hill, Eddie Irvine e Gerhard Berger.

Ao volante do F310 da Ferrari no Grande Prémio da Catalunha, Schumacher surpreendeu todos, naquela que se previa como a prova do azar e que acabou por ditar uma das mais espantosas vitórias do piloto. Em 12 voltas, dominou sobre uma chuva intensa e com apenas 8 dos 10 cilindros do seu carro. No final da corrida, afirmou que não tinha palavras para descrever o que sentia, que era “inacreditável… não existem palavras para descrever”.

Se houvesse alguma coisa que me pudesse desfazer na minha carreira na F1, teria sido Jerez.” É desta forma que Shumi relembra o episódio polémico de 1997 com Jacques Villeneuve. Um incidente semelhante ao que protagonizou com Damon Hill, mas desta vez o título foi entregue a Villeneuve, que se coroou campeão. No início da corrida, apenas um ponto separava os dois pilotos, mas numa curva Schumacher colidiu com o corredor da Williams-Renault. O piloto da Ferrari foi obrigado a sair de prova e o piloto canadiano conseguiu terminar em terceiro lugar, conquistando assim o título. Para além disto, Schumacher foi fortemente repreendido pelo homem forte da Ferrari, Luca di Montezemolo, e foi punido pela FIA, sendo desclassificado da temporada de 97.

Existe, contudo, um lado do piloto alemão que faz dele um vilão. De cabeça quente na época seguinte, na Bélgica, e após um choque com Coulthard, Schumacher quase que se envolveu fisicamente com o piloto Belga. Da mesma forma, fez uma paragem repentina na pista no Mónaco, que acabou por prejudicar os outros pilotos, em 2006, algo que valeu ao Keizer uma partida na última posição, visto que o seu comportamento foi considerado anti-desportivo.

A carreira de Schumacher conta também com momentos espantosos, como o vivido em São Paulo, em que, apesar de não ter ganho e contra todas as adversidades, incluindo um pneu furado, conseguiu terminar a prova em quarto lugar, fazendo a proeza de ultrapassar 14 carros. Assim foi a primeira despedida do piloto alemão.

Em 2010, regressa às pistas, ao volante da Mercedes, com quem consegue impressionar em algumas provas, mas não o suficiente para lhe valer um título. Foi sim o suficiente para valer um pouco mais de polémica, principalmente quando, na Hungria, mostra falta de fair play e vai contra Barrichello. Dois anos depois o rei das pistas decide retirar-se em definitivo.

Apesar de se sentir em forma, era tempo para o piloto se afastar das pistas. Depois de muito vencer e da sua interrupção (2006-2010), era tempo de deixar o volante e dedicar-se a outras coisas. Num comunicado bastante emotivo, explicou os seus motivos e agradeceu a todos os que o apoiaram no regresso, aos colegas de equipa, amigos e principalmente à família que “sempre o apoiou e lhe deu liberdade para viver as suas convicções e partilhar as suas alegrias”.

Desde o abandono das pistas, Schumacher tem trabalhado para o desenvolvimento da segurança rodoviária. Um trabalho que havia começado há uns anos com a Mercedes- Benz, e também se dedicou a causas solidárias.

No dia 29 de Dezembro de 2013, sofreu um terrível acidente na estância de esqui de Maribel. Um acidente que quase ceifou a vida daquele que, durante muitos anos, desafiava a morte aos fins-de-semana. Desde, então, o estado do hepta-campeão tem evoluído positivamente. Junto da sua família tem recuperado, porém, certo é que Shumi nunca mais voltará a ser quem foi. Felizmente existem registos que para sempre ficarão e gerações vindouras conhecerão a história do Kaizer.

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