O QI, vulgarmente conhecido por quociente de inteligência, é o índice criado para a determinar. Porém, hoje em dia, ter um QI elevado já não é sinónimo de maior inteligência, uma vez que esta já não se mede apenas pelo QI.
Vivemos numa sociedade evoluída, onde os níveis de exigência são cada vez maiores. O acesso a uma formação superior está facilitado e a própria Ângela Merkel afirmou recentemente que “existem muitos licenciados em Portugal”. Se antigamente a formação académica era o que nos distinguia no mercado de trabalho, actualmente é preciso primar pela diferença e são muitas vezes as competências pessoais que o fazem. As empresas procuram pessoas dinâmicas, criativas, resilientes e com resistência ao stress, que se adaptem facilmente a novos contextos e que saibam trabalhar em equipa. Estas competências estão a cargo não do QI, mas da inteligência emocional (IE).
Isto, na realidade, é um contrassenso. “Inteligência emocional? Mas vamos colocar as emoções ao exercício da nossa função?”. É que desde sempre nos foi incutido o pensamento pelo órgão que é suposto, a cabeça, e que deixássemos o coração no seu lugar, que por sua vez, é também responsável por alojar as emoções (de acordo com a sabedoria do povo). Agora, subitamente, as emoções podem estar ao nosso serviço e fazer-nos vingar em contexto profissional?
A verdade é que, com o tempo, este tipo de inteligência tem alcançado destaque, porque se caracteriza pela capacidade de identificar, utilizar, compreender e gerir as emoções, de uma forma construtiva e positiva. Por outras palavras, alguém com uma IE bem desenvolvida terá extrema facilidade de integração em novos contextos e adaptar-se-á facilmente a mudanças. É alguém com uma boa capacidade de relacionamento interpessoal e trabalho de equipa e será este alguém que as entidades empregadoras procuram, na hora do recrutamento. Porque as empresas são feitas de pessoas e elas são determinantes no sucesso das organizações.
De acordo com o psicólogo Daniel Goleman, a inteligência emocional apresenta 5 níveis:
- O auto-conhecimento emocional, que se trata do conhecimento que o ser humano tem de si próprio, dos seus sentimentos e da intuição. É a auto-consciência;
- O controlo emocional, que se traduz na capacidade de gerir emoções e de as manifestar de forma adequada a cada situação;
- A auto-motivação, que é saber dirigir as emoções para um objectivo e colocar os sentimentos a nosso favor;
- A empatia que é o reconhecimento das emoções do outro e saber colocarmo-nos no seu lugar, para uma melhor gestão do relacionamento;
- Por fim, os relacionamentos pessoais, a aptidão e facilidade que cada um de nós tem para as relações.
Saber equilibrar o quociente emocional com o QI, é ser alguém verdadeiramente inteligente, visto que estas não são capacidades antagónicas, mas sim, complementares. Ideal será articular as competências intelectuais com as emocionais, usar a emoção para facilitar a razão, e a razão para gerir funcionalmente a emoção. Somos um todo e não partes: numa última instância, é isto que vai distinguir colaboradores competentes dos que não o são e é esta a principal diferença entre líderes e chefes. Por isso, tenha atenção e aprenda a reduzir o stress, a reconhecer e gerir as emoções, a estabelecer empatia através da comunicação não-verbal, a utilizar o humor e divertimento para ultrapassar desafios e a resolver conflitos de uma forma positiva. Seja melhor profissional e, essencialmente, seja alguém melhor para si. E nunca se esqueça:
“A chave para tomar boas decisões pessoais é ouvir os sentimentos.”
(Daniel Goleman)