O rapaz tem ritmo e é homem dos sete instrumentos. Pode não parecer, mas é muito rodado (em instrumentos, bandas e cultura musical). Como diria uma certa canção, “nasceu para a música”.
Jamie Cullum nasceu a 20 de Agosto de 1979 em Rochford (Essex), a 70 km de Londres, mas foi criado em Chippenham (Wiltshire), no sudoeste de Inglaterra. O seu pai nasceu em Jerusalém (tendo a família fugido da Alemanha nazi) e a sua mãe na Birmânia (actualmente, Myanmar), filha de pai indiano e mãe birmanesa.
Tem um irmão mais velho que também é músico e é casado com uma neta do grande Roald Dahl (escritor de Charlie e a Fábrica de Chocolates, Matilda, O Fantástico Sr. Raposo…).
Completou na Universidade de Reading a licenciatura sobre Literatura Inglesa e Estudos Cinematográficos.
A primeira vez que ouvi Jamie Cullum foi em “Everlasting Love”, uma canção com pelo menos uma dúzia de covers, e gostei do estilo jazz e retro, mas muito fluído e moderno. A parti daí, comecei a descobri-lo para trás e para frente em simultâneo.
“Everlasting Love” faz parte da banda sonora de “O Diário de Bridget Jones”, mas, na discografia de Cullum, pertencia a “Twentysomething”, não o seu primeiro trabalho, mas com o qual começaria a ter o devido reconhecimento como cantor e autor.
Cullum não teve educação formal em música, mas pôs as mãos em diversos instrumentos cedo, na sua infância e adolescência. Começou pela guitarra, foi baterista em bandas rock e, finalmente, chegou à conclusão que teria que se atirar ao teclado (do piano). Aprendeu a tocar “de ouvido” e até hoje não sabe ler música.
Em vez do pouco confortável banco utilizado exclusivamente para tocar piano, costuma utilizar o banco com que tocava bateria (visível nalgumas fotografias, com padrão tigrado). Tem também uma caixa de madeira que amplifica a batida do seu pé (stomp box).
Cullum produziu o seu primeiro álbum, “Heard It All Before”, com 480 libras, em 1999. Dele constavam vários clássicos do Great American Songbook. É hoje considerado uma raridade.
Após a licenciatura, lançou “Pointless Nostalgic” (2002), com uma mistura de originais e covers de clássicos com novos arranjos. Destaco “It Ain’t Necessarily So” (Gershwin), com uma componente de percussão/contrabaixo geniais, e “High and Dry”, no contemporâneo/fusão.
Em 2003, chega “Twentysomething”, que inclui standards e covers de clássicos, dos quais destaco “I Could Have Danced All Night” (de “My Fair Lady”) pela percussão e génio da guitarra electrica com um pingo de hip-hop, “The Wind Cries Mary” (de Jimi Hendrix) e o original dos irmãos Cullum “All At Sea”.
Já considerado o melhor intérprete de jazz britânico, lança “Catching Tales” (2005), álbum de originais e de colaborações, com Dan the Automator e Pharrell Williams. Destaco “Get your Way”, na vertente hip-hop, e “Photograph”, num registo mais intimista.
“The Pursuit” (2009) é infamemente conhecido pelas aparentes explosões de pianos de cauda na promoção. Porém, não vive só da infâmia: excelente cover de “Don’t Stop the Music” (de Rihanna) e o que dizer de “Gran Torino” (música de Clint Eastwood, do filme homónimo)?
Em 2010, passa a ter o seu próprio programa de rádio semanal na BBC2.
Sobre “Momentum” (2013), Jamie Cullum diz ter sido inspirado no período onde se tem um pé nas fantasias de infância e outro no mundo de responsabilidades dos adultos. Destaca-se o cover “Pure Imagination” e os originais “Everything You Didn’t Do” e “You’re Not The Only One”.
“Interlude” (2014) é um álbum de covers de luxo, com colaborações de Laura Mvula e Gregory Porter.
“The Song Society Playlist” foi lançada no final de 2018, em formato digital. Os seguidores (como eu), do canal de YouTube de Cullum têm visto e ouvido algumas canções nos últimos anos que seguem as seguintes regras:
Escolhe uma canção que adores ou pela qual estejas fascinado;
Aprende-a e grava-a numa hora;
Não é permitida preparação prévia;
Ama e vive (aprende) com os erros.