Somos uma sociedade (e uma geração) onde a troca de informação é uma constante. Evoluímos imenso e isso permite-nos facilmente estar em contacto com o outro. Inclusive se a distância geográfica se fizer sentir em demasia. Conseguimos aceder a ferramentas que nos proporcionam um contacto mais rápido. Já lá vai o tempo da carta no correio, e até de postais, e da demora em chegar ao destino. Neste nosso tempo conseguimos simplificar e dar bastante rapidez às coisas. Mas, parece que, tudo tem um preço.
A nossa vida, por si só, tornou-se acelerada. Aumentamos a rapidez das coisas e, como tal, fazemos mais coisas em menos tempo e ao mesmo tempo. Daí, tantas vezes a sensação de olhar para o relógio e pensar que o dia se poderia alongar umas tantas horas. Dava jeito, algumas vezes. Mas, de facto, o dia vai continuar nas suas 24 horas que lhe são características. Portanto a solução tem de passar por cada um de nós.
E aqui está o nosso calcanhar de Aquiles. O relógio vai continuar impávido e sereno a sua contagem. Na passagem das horas, dos minutos e dos segundos não vamos ter controlo. Vamos assumir essa realidade, parar uns minutinhos e refletir. Mesmo que não dê jeito, mesmo que pareça não ser oportuno, mesmo que pareça descabido, há urgência de parar estes minutinhos. De repensar a rotina dos dias, da semana, dos meses e da forma como usamos o nosso tempo.
Pensar na Vida de forma séria. Porque ela existe, e quando menos se espera lá vem uma dor – seja ela física, mental ou emocional – que nos faz parar de repente. Sem se fazer rogada e avança determinada para nos obrigar a parar. Para nos levar onde não queríamos. Parar para pensar. Para entender e perceber onde e como podemos fazer menos. Onde e como fazer menos e perceber que há coisas que nos saem tão no automático que se nos perguntarem se fazemos, somente quando refletirmos sobre isso é que nos irá avivar a memória.
Não somos robots. Somos humanos. Somos seres pensantes e com enormes capacidades ainda não exploradas em cada um de nós. E, quer a nossa razão, quer a nossa emoção têm utilidade, por isso elas existem e coabitam em nós. E vale lembrar da importância de cada uma. Do cuidado que devemos dar a cada uma. E de prestar atenção ao automatismo que estamos a adotar como sendo nosso e como isso nos leva a pensar que somos incapazes de ser ou fazer diferente, mas, para isso, é preciso parar. Parar para refletir e parar para reformular.
Não somos cópias. Cada um é como é. Cada um traz os seus desafios e as suas melhores habilidades. Por muitos moldes e recortes que possam fazer, somos únicos. Somos diferentes. E, aqui faz-me sentido relembrar uma frase que ouvi vezes sem conta: “Temos 5 dedos em cada mão, e nenhum deles é igual”. Pois, e efetivamente não é. E, embora tanta coisa possa melhorar, é urgente refletir quando fazer menos, é mais.