
Confesso que a minha mente perde-se muito em devaneios e corre a mil à hora.
Não é uma coisa necessariamente má, pelo contrário, ajuda-me a organizar estratégias e conhecimentos e delinear coisas tão diversas como analisar o capítulo do livro que estou a ler ou planear o que raio vou fazer para o jantar.
Já percebi como é que ela funciona e principalmente as suas utilidades e utilizá-la em proveito próprio o que, a bem da verdade, provavelmente me irá levar o resto da vida toda.
Porque a mente é simplesmente mente e somos tão mais do que isso. Esse equilíbrio entre raciocínio, utilização de ideias e sinapses estruturais e o ser puro e cru, essa essência maravilhosa e fundamental, em forma de expansão e unicidade com um todo tão maior.
Sim, não é tarefa fácil mas são escolhas de vida e esta tem sido a minha e tenho-a levado a cabo (o que é o cabo dos trabalhos) mas, mal ou bem, assim vou caminhando.
Talvez, por isso, em raciocínios e em lembranças de um médico, a quem estarei grata para sempre, dei por mim a divagar o quanto ele costuma dizer que o ser humano tem mesmo de desligar o complicometro.
Ligar ou desligar o complicometro é um termo conhecido por muitos, tenho a certeza absoluta disso, mas é um mantra que costumo aplicar com grande afinco no decorrer dos meus dias.
De tal forma, que cheguei mesmo a divagar que estas ideias que compartilho convosco, apesar de não serem concretamente sobre um tema absoluto e inteiramente cientifico, poderiam ser sobre a apresentação de um aparelho rusticamente sofisticado, onde uma lâmpada orgulhosamente altiva, do seu alto acenderia ou desligaria conforme ligássemos o nosso auto-complicometro, ligando e alternando fios positivos e neutros, com todos os cuidados de não fazer descargas de corrente que é, como quem diz, fritar a nossa moleirinha.
No entanto, tal aparelho não existe, pelo menos que se conheça ainda e os fios por onde lhe passariam a electricidade (caso existisse), são os nossos em pura reacção com a vida e com os outros.
Gostaria mesmo de ter um descomplicometro, que me dissesse quando sou demais ou quando sou de menos, que me alertasse com a sua luz quando os outros puxam demasiado os meus botões ou quando nem sequer os deveriam pressionar.
Aliás, acho que o descomplimetro seria um daqueles aparelhos que mais jeito me daria se me alertasse quando o desequilibro entre pensar e sentir estivesse prestes a saltar dos eixos.
Perante a sua inexistência científica, não tenho alternativa senão render-me que a vida é um imenso quebra-cabeças, um gigantesco cubo mágico, que me cabe a mim reorganizar em complexas cores e deixar as minhas próprias lâmpadas internas de sobreaviso.
Rendo-me, inequivocamente, às aparências de que a ciência, a mente e o ser caminharão de mãos dadas apesar das complicações que vão surgindo e que, fundo, tudo isto é muito mais simples do que, na realidade, não parece ser.