És daqueles que vê o copo meio vazio e que está constantemente a reclamar da vida? Ou por outro lado, vês o copo meio cheio e precisas de muito pouco para ser feliz?
Quem vê o copo meio vazio, pode ser considerado um pessimista, mas creio que não é assim tão simples.
Quando estamos desanimados, é muito difícil perceber por que é que estamos sempre com sede, com sede de quem um dia fomos ou até mesmo com sede da vida que podemos ter. Nesse momento, olhamos para um copo meio cheio/meio vazio e percebemos que aquele meio copo, não é o suficiente para nos hidratar, e a sede toma conta de nós e torna-se muito maior do que o meio copo que temos em mãos.
E é aí que nasce o medo. O desespero de perder aquela água daquele meio copo aumenta ao mesmo tempo que a fé em nós próprios acumula-se em pó. E a nossa vida começa a depender daquele meio vazio. O pavor que se apoderou de nós segreda-nos ao ouvido que não somos capazes, que não vamos conseguir superar-nos a nós próprios, que não somos bons o suficiente. E com as desculpas de falta de tempo ou de disposição desistimos. Depositamos esperança nos outros, naqueles que vemos que têm um copo meio cheio.
Depressa percebemos que ali nunca vão partilhar o copo e as expectativas que criamos são defraudadas. Culpamos os outros. Apontamos dedos, criam-se discussões porque ninguém quis preencher o nosso vazio. Mas por fim, caímos na realidade e assumimos a nossa responsabilidade pelo copo. Batemos no fundo ao mesmo tempo que nos perguntamos se algum dia vamos ver/ter aquele copo meio cheio?
E a tempestade avança, começa a chover.
E só aí é que nos damos de conta, que nos esquecemos completamente, que não era preciso ter passado tanta sede. Simplesmente era preciso estar sempre a encher.