É bem verdade, que as mulheres continuam de um modo geral a ser educadas para estudar, para ter comportamentos femininos, alcançar uma boa colocação profissional, e naturalmente a apaixonarem-se, casar e ter filhos, no fundo, como alguns poderão pensar, aquilo para que foram predestinadas!
No entanto, a questão que se impõe é: “E então, se a mulher não quiser ter filhos?”. Porque afinal, este é um legitimo direito que a assiste. Acredito que nos dias que atualmente vivemos, essa questão já nem se coloque com muita regularidade.
As pessoas são já formatadas na sua educação, quer sejam do sexo masculino ou feminino a ser mais independentes e a procurar no seu caminho, efetivamente aquilo que entendem como sendo o que pretendem para a sua vida e para o seu percurso.
Pode, contudo, haver ainda correntes de pensamento que defendam que essa já é uma questão ultrapassada, mas o que é um facto é que se nos debruçarmos um pouco sobre este tema acabamos por perceber que ainda existem algumas mentes que ficaram retidas emocionalmente no século XV, no tempo em que as mulheres só tinham uma razão de existir: procriar e servir o marido, e a família, e continuam de algum modo a acreditar que esse é o verdadeiro papel da mulher na sociedade.
É muito bom que assim já não seja, cada vez mais a mulher está no mundo a dar cartas, a definir caminhos e estratégias, e a assumir posições de relevo no universo empresarial e profissional.
Assim, é muito legitimo que a mulher se queira concentrar na sua carreira, e fazer dela o seu objetivo de vida. E isso nunca poderá ser censurável, desde que seja uma opção pessoal, a mulher deverá lutar pelo que pretende conquistar, não apenas na sua vida pessoal, mas também na profissional.
Afinal é isso que se entende por direitos das pessoas, do ser humano, estes direitos devem ser acedidos de igual modo na sociedade, quer se tenha nascido homem, quer se tenha nascido mulher, tempo houve em que infelizmente assim não era!
Cada vez mais a sociedade está preparada para receber, aceitar e incentivar a ocupação do legitimo lugar das mulheres no universo profissional e empresarial, até institucional. Esta é a tendência natural dos tempos que se vivem e que cada vez mais se acentua, deixando perspetivar que as mulheres estão preparadas para ocupar na sociedade e no universo empresarial aquele que é o seu lugar, o da profissional competente e eficiente que sabe liderar tal qual os homens sabem, quiçá, até de forma mais astuta e sensitiva.
De igual modo também a sociedade aprendeu a aceitar que as mulheres não queiram ter filhos, e que esta possa ser uma opção pessoal respeitável como qualquer outra que a pessoa possa tomar na sua vida.
Se existem mulheres que sentem que a sua realização na vida, para que possa ser completa, não tem que passar necessariamente por ter que ser mãe, qual é a dificuldade em aceitar que existam mulheres que pensem assim?
É um pensamento como qualquer outro que nos torna a cada um de nós seres livre e independentes, e capazes de fazer as nossas escolhas, sejamos homens ou mulheres.
Afinal, existem mulheres que podem considerar que a sua realização na vida passa por vivenciar outras experiências, que as fazem sentir-se tão mulher como qualquer outra, apenas vivendo aquilo em que acredita, e nem por isso é menos mulher do que qualquer outra.
A sociedade tem vindo a passar por muitas mutações e esta é apenas mais uma, cada vez menos notada na sociedade, já aprendemos a aceitar e a viver com as opções dos outros sem que isso interfira na nossa forma de estar na vida!
Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto. A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender.
(Clarice Lispector)