Na minha vida e na minha profissão, parto sempre de um princípio básico, que é a vontade e a necessidade que todos temos de sermos felizes. Como seres emocionais que somos, a felicidade é um pilar essencial da nossa existência e é, por isso, que a área emocional, o grande conflito (no sentido interessante da palavra) entre Vénus e Marte, é, por norma, a que mais as pessoas trazem para uma consulta de Tarot, ou de Astrologia.
Muitas vezes sou confrontado com questões do género: “Será que vou arranjar alguém?”, ou “Vou ficar com ele?”, ou até mesmo “Vou encontrar o homem da minha vida?”. Outras vezes, em plenas relações em crise, muitas querem saber o caminho, o futuro da sua relação, ou até mesmo se vale a pena lutar pela outra pessoa.
Claro que cada caso é um caso e cada pessoa é uma pessoa, mas, por norma, as questões vão sempre bater nas mesmas traves mestras, até porque, na maior parte das vezes, o foco da questão colocada está mal direccionado e o meu papel é o de orientar a consciência de cada pessoa para encontrar as suas próprias respostas. Existem questões complexas e, obviamente, muitas vezes não é fácil chegar às conclusões por nós mesmos, mas dois dos principais tópicos que abordo nas consultas são, precisamente, o amor-próprio e o respeito por si mesma.
Quando alguém pergunta se vai ficar com a outra pessoa, ou se vai arranjar alguém, essa pessoa está a projectar o seu pensamento no futuro, transformando uma necessidade presente e actual de trabalhar questões interiores numa profunda carência afectiva, que a faz viver na expectativa de algo que não tem e que, tantas vezes, nem sequer se acha merecedora. Se costuma fazer este tipo de questão, está na altura de olhar para dentro de si e perguntar-se se acha que é merecedora de felicidade numa relação. Responda-se honestamente e aceite essa mesma resposta, ainda que ela seja dolorosa. Se a resposta foi negativa e não se acha merecedora, então, tem de ler com o triplo da atenção as próximas palavras.
Quando, constantemente, alguém se projecta no futuro, está a mascarar uma necessidade do presente que muitas vezes está associada apenas e simplesmente ao facto de não se sentir merecedora de coisas boas, independentemente das razões de isso acontecer. Muitas vezes, é apenas o reflexo de um acumular de vivências de falta de amor, que vêm desde os primeiros anos de vida, tantas outras é a consequência de vivências traumáticas como traições, ou maus-tratos. O problema está no simples facto de que, quando entra nesta vibração, perde a noção de que a distância entre o presente e o futuro é uma frustração e uma ansiedade diárias que são vividas cada dia mais profundamente, originando graves problemas de auto-estima e, muitas vezes, culminando em casos mais complexos, como depressões.
Quando alguém surge no meu gabinete e traz-me este tipo de questões, a primeira coisa que eu faço é mostrar que é a pessoa que está no centro da sua vida, que nada há de mais importante em si e que é o amor e o respeito que deverá ter por si mesma que constituem as principais chaves para a felicidade emocional. Posso, claro, encontrar no seu mapa, ou numa tiragem de Tarot, a tendência que aquela pessoa está a construir no seu caminho, mas esse trabalho irá sempre passar por uma tomada de consciência da realidade e que, acima de tudo, a pessoa vem a esta vida trabalhar questões da forma como cuida e trata de si e de como entende as relações.
Tenha sempre a noção de uma coisa, o difícil não é viver o sofrimento da solidão, ou do abandono, o que é verdadeiramente difícil e desafiador é quebrar e romper com o padrão, identificar e aceitar as suas origens e agir em consonância com o que o coração nos pede. Não é assim tão invulgar que pessoas que vivem a ânsia de ter alguém, acabem por encontrar alguém, porque simplesmente qualquer alguém serve para colmatar um espaço em branco. Quando olhamos para o nosso interior e apercebemo-nos que o mais importante é amar-nos, cuidarmos de nós e valorizarmo-nos, deixamos de procurar “alguém” (e continuar o padrão) e passamos a estar disponíveis para receber na nossa vida, no nosso coração, um ser que nos vai auxiliar a, através da relação, podermos ser mais do que apenas nós mesmos.
Ao contrário do que se divulga por aí, não sou apologista de que somos incompletos e que precisamos de uma metade para nos completar. Acredito, sim, que somos seres unos e completos e que vimos à Terra para experienciar as relações como forma de expansão de nós mesmos, através da fusão no outro. Confusa? Apenas estou a dizer que não precisas de ninguém para seres uma pessoa completa. Precisas, sim, de alguém que caminhe contigo ao teu lado e que te auxilie a evoluir como ser, enquanto tu lhe dás o mesmo. Compreende que uma relação não é um completar, mas que é, acima de tudo, uma partilha de caminho.