Há quem nasça com um espírito maternal tão aflorado que ainda muito pequenina, tem como meta, a maternidade. Se perguntam o “que querem ser quando crescer” são capazes de só responderem “ser mãe”.
E gosto não se discute! Metas também não. É como rosto. Cada um tem o seu!
Mas o mérito do tema não é sobre o que quero ser. É sobre o que se torna a mãe dentro da família, quando essa se torna uma? É um misto de sentimentos que só quem é, pode perceber. Às vezes, até quem é e tentando se encontrar, se confunde. E a meta?
Quando crescem e vamos à prática percebemos que a maternidade também pode vir junto com o sentimento de culpa, muitas incertezas e medos. Aliado à tudo isso, vem também as mudanças, não só de rotina e responsabilidades, mas a sobrecarga e a autoestima. Se podia ser mais suave? Sim, claro. Mas como ter essa tal suavidade é um mistério, quase inalcançável.
A falta de divisão de tarefas dentro desse contexto e a concentração de funções em cima dessa mãe vem com toda intensidade e muitas deixam se anular, com a função exclusiva de ser “só” a mãe. Se tornam literalmente uma extensão da casa e a garantia de: cama, comida e roupa lavada!
E a mulher? A essência? E o psicológico? E o “eu”, onde vai parar? Daí, que tudo pode começar a despencar…
Filhos são frutos de nós, mas para cria-los, podemos escutar a nossa voz. Não deixar nossos sentimentos de lado e entender a importância do nosso autocuidado.
A realidade para muitos pode ser diferente. Algumas até já se defendem ao dizer que não há opção. São do lar e é essa a missão.
Contudo, o assunto não é ser dona de casa ou não. Quem faz mesmo o “trabalho de casa” tem plena noção que pode cansar muito mais do que “virar betão”. E soma ao trabalho de cuidar da casa, filhos e há quem considere até do marido (quem nunca ouviu a expressão que “marido dá mais trabalho que o próprio filho”?!). Frase aliás que me traz até “comichão”. Prova aí a submissão e normalidade dessa obrigação.
Se tem um marido tem que ser companheiro e ativo. Um pai para atuar na divisão, sem ser um fardo que só nos deixa na mão. O psicológico da mulher/mãe fica de sempre abalado, com uma sociedade retrógrada, que normaliza tal pensamento. Se não souber se posicionar, isso só tende a piorar
Submissão é anulação! E parte, em maioria, de outra mulher a apontar o dedo e comparar. Competição. Sou melhor do que você porque estou a trabalhar – maquiada, arrumada e cheia de coisas para pensar – Quem pensa assim, sem dúvidas, não tem uma casa para limpar. Ou terceiriza ou não se importa em cuidar.
Não interessa qual lado você está. Se é aquela que leva a criança para escola, vestida de pijama por baixo do casaco e volta direto para a casa cuidar (afinal, trabalho não vai lhe faltar). Ou se é a mãe que sai da escola do filho direto para uma reunião e com salto alto à calçar (com a pressão do chefe e prazos para alcançar).
O que importa é o respeitar. Já não é mais sobre qual o lugar a que queres chegar. É sobre ser e se respeitar. Não podemos, nem devemos ser sempre e em simultâneo as melhores esposas/mulheres, as filhas perfeitas, as mais eficientes profissionais, as mães perfeitas e exemplares. Melhores do que as nossas, afinal, não queríamos repetir os mesmos erros. Por vezes, em algum quesito, temos que falhar. E nos basta relaxar, temos que isso aceitar. Já dizia a minha avó, “o que não tem remédio, remediado está…“
Vamos largar as metas, deixar a capa de lado e entender finalmente que humanas somos e quem se julga perfeita, mente!
Adorei em particular este artigo, sendo mulher mas não mãe, ainda assim identifiquei-me como mulher e as outras mulheres que são mães; irmãs, amigas, vizinhas ou apenas aquela mulher que se sentou ao meu lado no trem, de olhar ausente e um saco de compras na mão…
Obrigada por nos mostrar esse maravilhoso e complexo mundo que é o de ser mulheres.
Obrigada pelo seu “olhar” Teresa!
Foi mesmo escrito com a intenção de termos essa visão da mulher, independente da maternidade, cada uma com sua luta diária e desafios! Em olhar para nós e para as outras, com carinho e admiração.