O Tratado de Windsor, assinado entre Portugal e a Inglaterra, em Maio de 1386, é a aliança diplomática mais antiga do mundo. É a sequência do acordo feito, entre os dois reinos, em 1373 e efectivado em papel. A casa de Windsor e a casa de Aviz combateram, lado a lado, na Batalha de Aljubarrota, em 1385, no dia 14 de Agosto. É sabido que os portugueses estavam em desvantagem numérica em relação aos castelhanos e que o estratega, Nuno Álvares Cabral, lutava contra os seus dois irmãos. Incongruências da vida social e política desses tempos em que o primogénito herdava todos os bens e os irmãos tinham que se ” desenrascar ” conforme fosse possível. A batalha foi, efectivamente, ganha não só devido à estratégia usada pelo Condestável como também ao desempenho da linha avançada, ” A Ala dos Namorados “.
O Mestre de Aviz casa com Filipa de Lencastre e deste enlace surge a Ínclita Geração, que nos presenteou com uma variedade de conhecimentos nunca antes vistos e sabidos. Com a II Dinastia, o analfabetismo é combatido a nível da nobreza. Só defender e combater pelo reino era insuficiente, o saber era uma nova arma e não ocupava o lugar das convencionais. Complementava-o. As duas casas, os dois reinos ficariam para sempre unidos, no melhor e no pior, como num casamento civil, entre dois seres que se amavam, um dia.
O Brexit é tema corrente. Houve um referendo. Os ingleses acorreram ás urnas e decidiram que se deviam separar da União Europeia. O divórcio total. Ganhou o não, ou seja, deixam de pertencer a uma comunidade a que eles próprios aderiram em 1973. Foi uma votação renhida: 52%, 48%. No dia seguinte houve uma busca intensiva no google sobre a União Europeia. Dá que pensar. A Escócia votou massivamente no sim. Começam os problemas, as divergências. Os resultados não satisfizeram todos. Os mais jovens preferem o sim, mas os mais velhos optaram pelo não.
O Reino Unido, tal como o nome indica, reúne várias comunidades: Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda. Foram um país colonizador, mas inteligente no seu domínio. Deram formação aos seus dominados pois estavam conscientes de que, um dia, tudo iria terminar. A joia da coroa foi a Índia, o último reduto e que lhes “custou” a entregar. Formaram um grupo económico, a Commonwealth, um privilégio que ainda hoje possuem. Sabem o que são migrantes, muito bem o que são emigrantes e ainda melhor o que são imigrantes. Londres, cidade multicultural sempre se orgulhou da sua mescla, doa seu ecletismo e da sua diversidade cultural. E agora? Assustaram-se com os refugiados? Não foi essa nação que instituiu o welfare state? Que aconteceu agora? Que susto sentiram? O que aconteceu de tão escabroso?
Por muito que custe dizer, existem empregos de 1ª e empregos de 2ª. Durante anos quem fazia os de 2ºs eram os imigrantes, os menos qualificados, aqueles que iam à sorte agarrar qualquer coisa para o seu sustento. Os outros trabalhos, os de “melhor qualidade” estavam destinados aos que possuíam os conhecimentos, aos que estavam nos lugares de elite. Os primeiros limpavam as casas de banho, um trabalho sujo, que ninguém queria, mas era necessário ser feito, os segundos tomavam as decisões, tinham o comando da sociedade.
Com os problemas resultantes da crise económica, a fuga de cérebros tornou-se viral. Já não é o imigrante de pé descalço, sem educação, que se afoita, é o qualificado, com educação superior e que vai ocupar os lugares da antiga elite. É um meio complicado, difícil de penetrar, mas possível. Agora já não são os portugueses que fazem as limpezas, são os ucranianos, os moldavos, aqueles que chegam de outras terras que nunca ninguém pensou que tivessem de fugir.
Os portugueses já estão num outro patamar, em lugares que são mais bem vistos e melhor remunerados. Contudo, também não os querem lá? Apesar de já terem mostrado o seu valor, o seu trabalho, querem que eles abandonem o barco? Querem que desapareçam do arquipélago? Tudo foi construído com tempo e com muito trabalho, não pretendam que, por um capricho, se deixe tudo a perder.
E se, uma mera suposição, se todos, todos mesmo, fossem embora, ficassem só os britânicos, quem é que limpava as suas sanitas?