Eu falo alto. Assumo. Grito demasiadas vezes. Eu falo alto com os amigos /as, com os filhos. Eu falo alto, eu as vezes grito!
Falo alto, quando me entusiasmo, quando me chateio, quando me rio. Eu sou mulher e falo alto, mas o que tem uma coisa a ver com a outra? Ah, pois tem.
A guerra dos sexos é um tema batido e debatido: as mulheres procuram equidade, justiça, igualdade, os homens querem ser justos, querem mostrar que as tratam como iguais, mas não resistem ao estereótipo e, sim, um homem que fala alto é o maior, é forte, tem uma voz possante, mas quando uma mulher fala alto, ui, que histerismo, parecem galinhas, não é boa da cabeça!
A voz é uma característica particular e marcante de cada indivíduo e, se há mulheres com voz possante, também há homens com vozes delicadas: nem elas são mais por isso, nem eles são menos por tal.
Mas esta história dos gritos, das vozes, é apenas mais uma acha na fogueira da tal guerra dos sexos, ora vamos lá :
- O homem grita: é forte /a mulher grita: é histérica.
- O homem tem várias namoradas: é um garanhão/ a mulher tem vários namorados: é uma puta.
- O homem subiu na empresa: é um trabalhador esforçado / a mulher foi promovida: dormiu com o patrão.
- O homem traiu a esposa: coitado não é de ferro/ a esposa traiu o marido: uma grande vaca que o andava a enganar.
Afinal, o que alimenta esta guerra? Os homens são de Marte e as mulheres de Vénus como diria John Gray?
A coisa que mais une homens e mulheres é mesmo o facto de sermos humanos, e mesmo que a ciência já tenha provado que o cérebro de uma mulher não tem um funcionamento totalmente igual ao do sexo masculino é simplesmente uma questão de sexo biologicamente falando.
Sim, somos biologicamente diferentes, temos de ser, é essencial para a perpetuação da espécie. Aliás, alguns estudos indicam que o tom de voz da mulher se altera e se torna mais sedutor consoante a pessoa para quem fala, outros falam em alterações na postura do homem na presença da mulher.
Contudo, em termos de género, o que nos diferencia é também aquilo que nos atrai. E isso também é essencial.
A guerra dos sexos é, na minha opinião, estúpida! Uma estupidez pegada, sem sentido algum. As vezes é divertida, em contexto de paródia, picardia entre amigos. Mas não deixa de ser estúpida.
O papel de género é algo que ainda não sabemos muito bem como definir, sendo que, se ignorarmos os estereótipos, pode perfeitamente ser anulado.
João Maria lava a roupa, Maria João conduz um camião e come bifana ao almoço. João Maria é vegetariano e pratica Yoga, Maria João joga Futsal na associação da terra. João Maria leva os meninos a escola, Maria João vai buscar. João Maria faz o jantar, Maria João arruma a cozinha. João Maria, Maria João.
João Maria canta, Maria João canta com ele, João Maria grita a ver futebol, Maria João grita golo…