A cada dia uma inovação, a cada dia uma nova atualização, e quase que não é a cada dia, mas sim, a cada momento.
A tecnologia consegue surpreender-nos e mostrar que aquilo que era visto em filmes hoje é uma realidade. Toda uma área em constante crescimento e evolução e que (quase) basta pensar para criar.
Bem… Nem sempre foi assim. Ainda bem que hoje o é e que tiremos deste mundo tecnológico todas as vantagens – que são inúmeras – e que o aproveitemos da melhor forma. Mas sem o exagero. Sem perder a noção de equilíbrio e de tudo aquilo que a tecnologia não nos permite experienciar.
Como em tudo na vida, considero o equilíbrio a fonte fundamental. Na educação, ainda mais. Uma sala de aula repleta de computadores e tablets de ultima geração só me parece credível se os alunos, primeiramente, tiverem conhecimento de que nem sempre foi assim (para de facto darem valor e entenderem todo o crescimento) e se a escrita e a partilha entre todos – e de cada um – não se basear somente nos ecrãs. Folhear um livro, escrever em papel, usar lápis e caneta, fazer “contas de cabeça”, são de facto experiências que não se deveriam perder com o tempo.
Existe a necessidade de diminuir o impacto ambiental e a tecnologia permite isso. As árvores que são poupadas e substituídas por downloads de internet e que nos permitem ter acesso ao tal livro, mas sem o recurso ao papel. O peso descomunal das mochilas que é substituído por um peso bem menor, recorrendo a tablets que armazenam a mesma informação. Contudo, isso são as tais inúmeras vantagens da tecnologia. A possibilidade de mais comodamente e rapidamente fazermos nos dias de hoje o que era impensável há uns anos.
Porém, nenhuma destas vantagens pode substituir um olhar atento e dedicado dos professores daquilo que está por detrás de cada menino (ou de cada tablet de cada menino). Também eles – os professores –, que utilizam ou que venham a utilizar a tecnologia na sala de aula, não poderão cair no conformismo e acreditar que tudo se resume e é feito com a tecnologia. São eles, também, os mediadores, que podem – e fazem – toda a diferença.
Passeios ao ar livre, visitas de estudo, andar de camioneta (bus ou autocarro), não é o mesmo que fazer uma visita virtual na página da internet. A sensação do toque, de viver a experiência em si, nenhuma tecnologia substitui. A actividade física ao ar livre, as roupas sujas ao final do dia, a noção de partilha, da existência do outro, nenhuma tecnologia proporciona. Os facilitismos são bons. Permitem-nos ter mais tempo. Para que esse tempo seja usado da melhor forma e não em excesso quando colocamos crianças ou jovens tempos indeterminados na frente de um ecrã. Jogos digitais podem ser um excelente passatempo ou até ensinamento, mas em harmonia com o passar tempo na rua a andar de bicicleta, trotinete, jogar à bola, ou simplesmente conversar com aquele amigo que precisa de alguém e não de alguma coisa.
Robots são máquinas. Nós somos humanos. Por muito que se tente humanizá-los nunca serão como nós. A não ser que o permitamos. E já permitimos tanta coisa… Vamos permitir também que um dia a nossa companhia seja a de um robot?