A “bella macchina” conhecida como Ferrari F12 TDF

A Ferrari tem alturas em que a genialidade e a insanidade se juntam e formam algo tão magnífico que a única reacção possível é gritar “bella macchina”. A genialidade começou quando apresentou, em 2012, o Ferrari F12 Berlinetta, o navio-almirante da marca, com um V12 de 6.3 litros e 730 cavalos de potência. Até aqui tudo bem. Ninguém conseguiu pôr defeitos no carro, nem se achava que era possível melhora-lo. Ninguém, com excepção dos engenheiros loucos da Ferrari. Eis que surge a insanidade: o Ferrari F12 TDF, uma versão hardcore do F12 Berlinetta. É mais leve, mais potente, mais aerodinâmico e muito mais exclusivo. Tudo aquilo que uma edição especial da Ferrari deve ser.

Os engenheiros da Ferrari, tipos rijos e de bigode farfalhudo certamente, fizeram uns ajustes, melhoraram umas peças, mexeram noutras e o motor do F12 TDF, o mesmo V12 de 6.3 litros, passa a debitar uns “míseros” 780 cavalos de potência. A traseira e a frente foram redesenhadas, vemos aparecer um difusor traseiro activo, semelhante aos dos F1, para reduzir o arrasto, ou guelras por cima das rodas traseiras para permitir uma melhor passagem do ar pelo carro, entre inúmeros melhoramentos aerodinâmicos, para não falar do spoiler traseiro que é 11% maior que no Berlinetta (enfase no 11, sim? Não são 10, nem 12, são 11!).

Regra geral, as versões hardcore da Ferrari servem, também, para a apresentação de novas tecnologias que podem vir a ser incorporadas nos futuros modelos da marca. O TDF não é excepção. Com estes aumentos todos, os pneus frontais são 8% maiores (mais uma vez enfase no 8) para acomodar o aumento da performance. Por outro lado, o aumento dos pneus provoca – mais facilmente – o aumento de subviragem, o que levou a Ferrari a desenvolver uma tecnologia chamada “Passo Corto Virtuale” (chassis curto virtual). Esta tecnologia, que introduz as 4 rodas direccionais, permite que o carro se comporte de forma diferente, agregando as vantagens de um chassis curto e de um chassis longo, e faz com que curve mais facilmente, com menos esforço para o condutor e eliminando a subviragem causada pelos pneus maiores. Seguindo a linha das versões hardcore, o TDF é desprovido de luxos. O interior é espartano e forrado a alcântara e carbono.

Porém, no que é que estas inovações todas se traduzem? O TDF tem uma velocidade máxima superior a 340 km/h e cumpre os 0-100 km/h em apenas 2.9 segundos. Para parar o TDF, a Ferrari foi buscar os travões do LaFerrari, dá jeito ter uns bons travões, uma vez que o TDF precisa apenas de 30 metros para travar, quando viaja a 100 km/h.

No entanto, há duas perguntas que requerem explicação. Dado que este carro é muito melhor que o F12 Berlinetta e que o 599 GTO, porquê a escolha do nome TDF em vez de F12 GTO? E de onde é que aparece o nome TDF? Ao longo dos 68 anos de história, a Ferrari só usou a sigla GTO três vezes – no 250, no 288 e no 599 – e essa sigla está apenas reservada para carros muito especiais. Houve receio que, ao usar a sigla em dois modelos consecutivos, se perdesse a exclusividade da mesma.  Assim, escolheu-se a sigla TDF, em homenagem ao Tour de France, uma corrida automóvel semelhante às Mille Miglia, ou ao Targa Florio, onde a Ferrari deu cartas nos tempos heroicos da competição automóvel e que ajudou a que o Cavallino Rampante ganhasse a fama que todos lhe reconhecem hoje.

Tal como todas as edições especiais da Ferrari, esta edição será produzida em números muito pequenos e apenas vendida a clientes muito especiais, com apenas 799 exemplares, que serão vendidos por um valor que deverá rondar os 500 mil euros. Infelizmente, já estão todos vendidos. Resta aos comuns mortais esperar um vislumbre de um na rua, enquanto exclamamos “bella macchina”!

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