Falar em grandes cientistas é, habitualmente, falar das suas grandes descobertas, sem nunca passar pelos seus erros. No entanto, até os grandes cientistas erram. Génios, como Albert Einstein e Charles Darwin, cometeram falhas que se tornaram úteis para novas descobertas.
Foram visionários, que movidos pela curiosidade, procuraram entender como o mundo funciona. Albert Einstein decifrou a expansão do universo e Charles Darwin demonstrou que as espécies sobrevivem por um processo de selecção natural. Por isso, ganharam o direito a serem chamados de “génios”. Contudo, o caminho, que os levou até às descobertas, demonstra que a evolução científica não é uma progressão linear do pensamento.
É famosa a história do maior erro de Albert Einstein. Segundo ela, Einstein considerou a constante cosmológica o seu maior erro, mas estava enganado. Quando o físico se debruçava sobre a teoria da relatividade, concluiu, através das equações, que o universo se estava a expandir, ou a contrair. Estes dados que contrariavam o conhecimento da época, levaram-no, então, à introdução da chamada “constante cosmológica” nas equações. Esta permitia, afirmava o cientista, contrariar a força da gravidade, alcançando-se um universo estático. Contudo, esta constante rapidamente foi eliminada da equação, pois, anos mais tarde, os astrónomos descobriram que, afinal, o universo se estava a expandir. Nesse momento, o génio declarou que a inclusão da constante na equação tinha sido o seu maior erro e removeu-a. Porém, foi, realmente, este o erro? Não. O erro foi remover a constante da equação, já que, depois da morte do cientista, se concluiu que a expansão do universo é correctamente explicada mediante a Teoria da Relatividade e a constante cosmológica.
Einstein não foi o único que sofreu com as limitações dos rudimentares conhecimentos existentes na época, Charles Darwin foi vítima da mesma situação. O cientista defendeu que as espécies na Terra não surgiram de forma independente, mas adaptando-se aos ambientes, através da selecção natural. No entanto, assumiu que as características da mãe e do pai se misturavam nos filhos, baseando-se no conhecimento adquirido até aquele momento. Ora, o erro de Darwin foi, precisamente, não compreender o conflito entre esta ideia e a sua nova teoria, já que, perante esse pressuposto a selecção natural não seria possível. Só anos mais tarde, Gregor Mendel comprovou que as características familiares são preservadas e que só às vezes se expressam, podendo, outras vezes, não se manifestar. Esta descoberta ajudou a dar suporte à selecção natural.
Porém, nem todos os erros da história da ciência se tornam compreensíveis perante os conhecimentos existentes no momento em que o cientista fez a sua descoberta. De acordo com o autor do livro Erros Geniais, Mario Livio, alguns, como o de Pauling, nasceram do excesso de confiança. O químico que ganhou o Prémio Nobel duas vezes, após trabalhar à volta das ligações químicas e da estrutura das proteínas, confiante em si mesmo, resolveu dedicar-se rapidamente à estrutura do ADN (ácido desoxirribonucleico). Foi pouco o tempo que dedicou ao trabalho e rapidamente propôs a sua própria teoria em torno do composto orgânico, que estava completamente errada. Foi este erro, contudo, que acabou por encorajar Francis Crick e James Watson para levar adiante com sua teoria da estrutura do ADN, que acabou por ser bem-sucedida.
Não são os erros que diminuem a importância de génios como Einstein, Darwin, ou Pauling. Aliás, Mario Livio defende que estes erros foram apenas desvios no percurso que, no fim de contas, colaboraram para o avanço da ciência. Falar dos erros de grandes cientistas não os torna menos geniais, simplesmente mostra que a ciência é uma actividade feita por homens e que estes também erram. Por isso, os génios continuam a ser génios mesmo com os seus erros.