Porsche. Quem os adora diz que não há melhor carro e que é um amor para a vida inteira. Quem os detesta diz que são apenas Volkswagen Carochas com potencia a mais e que não servem para nada. Porém, quem tem razão?
A Porsche foi fundada por Ferdinand Porsche, em 1931, como uma empresa de consultoria em desenvolvimento de motores. Durante o Regime Nazi, a ligação entre a empresa e o regime foi estreita, nascendo dessa ligação o Volkswagen Carocha, o tanque antitanque Elefant, entre outros veículos. No fim da guerra, Ferdinand Porsche é preso por crimes de guerra, mas não julgado, e, durante os 20 meses de prisão, o seu filho Ferdinand “Ferry” Porsche toma conta da empresa. E é por esta altura que começa a pensar em construir um carro, uma vez que não encontrava nenhum que quisesse comprar. Começa aqui o nascimento da Porsche como marca de automóveis.
O primeiro Porsche com (e digno desse) nome Porsche é o 356, produzido entre 1948 e 1965, que apresentava um motor Boxer (os cilindros estão deitados e funcionam em ciclos opostos) de 4 cilindros e com a versão mais potente a apresentar uns respeitáveis 130 cv. Seguiu-se o primeiro Porsche 911, modelo emblemático da marca, produzido entre 1964 e 1989. Durante esse quarto de século em produção, teve vários upgrades, quer em termos de design, quer em termos de motor. A sua versão mais potente apresentava 300 cavalos, com recurso de um turbo. Foi também com este primeiro 911 que a Porsche apresentou o modelo Targa, estilo icónico da marca, onde os lugares da frente podem ser descapotáveis, enquanto os traseiros são cobertos pelo vidro traseiro. Quando, em 1989, apresenta a segunda geração do 911, acrescentou mais dois cilindros ao motor, tornando-o num de 6 cilindros opostos e num ícone da marca. Contudo, as inovações não ficaram por ai, introduzindo também as versões com tracção as 4 rodas, chamadas de Carrera 4, e as versões S, ligeiramente mais potentes que a versão base, mas com potência inferior às versões turbo. É com esta segunda geração que começa a nascer o 911 como o conhecemos hoje. A terceira geração (1993-1998) não apresentou grandes inovações, passando largamente ao lado dos entusiastas.
Devido ao fraco sucesso da terceira geração do 911, entre outros problemas, a Porsche viu-se em apuros financeiros. Decide, então, arriscar e apresenta o Porsche Boxster, destinado a uma geração mais nova e mais descontraída. Numa tentativa de controlar os gastos, começa a partilha de componentes entre os dois modelos e o Boxster torna-se um sucesso, sendo considerado o salvador da ruína da Porsche. Com algum ar para respirar em termos financeiros, é apresentada a quarta geração (1998-2004) do 911. O arrefecimento dos motores, que até esta versão tinha sido feita a ar, passa agora a ser feito a água. Devido à existência de dinheiro extra, são também apresentadas as versões GT (GT3, GT3 RS e GT2), mais leves e mais potentes. Com estas duas inovações, fecha-se o ciclo no nascimento do Porsche 911 que conhecemos hoje. A quarta geração é, geralmente, considerada como um grande sucesso, assim como a quinta (2004-2012) e a sexta (2012-presente) gerações do icónico Porsche.
Porém, a história desta marca de carros não se resume apenas ao Boxster e ao 911, havendo muitos mais carros. No entanto, para falar da história da Porsche há uma categoria que não se pode ignorar, a dos super-carros. Até hoje só foram quatro, mas que quatro brilhantes foram. O 959, produzido entre 1989 e 1989, e considerado por muitos como o primeiro super-carro de uso diário (era muito fácil de se guiar), com 450 cavalos. Foram feitos 337 exemplares. Seguiu-se o Porsche 911 GT1 Strassenversion, em 1996, uma versão de estrada do 911 GT1 de Le Mans com 540 cavalos, dos quais foram produzidos apenas 25, de acordo com o regulamento da FIA na altura. Em 2004, lança o Carrera GT, com 1270 unidades produzidas e vendidas, e não poupou esforços no carro. O motor, um V10 de 5.75 litros e 612 cavalos, era capaz de empurrar o Carrera GT até uns respeitáveis 330 km/h e todos os detalhes do carro foram vistos e revistos sob uma lupa para poupar peso. E finalmente o 918 Spyder, o primeiro super-carro hibrido da Porsche, apresentado em 2013, dos quais se produziram (e já estão todas vendidas) 918 unidades.
Apesar de considerar os Porsche carros magníficos, não me coíbo de lhes encontrar alguns defeitos. Nomeadamente o facto das mudanças de óleo serem caras, assim como atestar o carro de gasolina. Assim, como o facto de os lugares traseiros dos 911 serem puramente teóricos, isto é, existem, mas só são práticos na cabeça dos designers.
Como disse, a história da Porsche não é só o 911 e o Boxster. Nem tampouco os super-desportivos. Podia falar do 924 (que de Porsche tinha mesmo só símbolo, o resto era tudo Audi), do 944, do 968 e do 928, todos com o motor à frente. Podia falar do coupé de quatro portas que é o Panamera, ou dos SUV’s Cayenne e Macan. Podia ter falado dos Porsche de corrida, como os 917, ou os 919. Podia explicar a estreita relação entre a Porsche e Volkswagen. Podia e devia, mas iria estar aqui até ao fim dos tempos.