Se há coisa de que gosto é de aprender novas palavras, abrindo o dicionário, aplicando-as depois para as memorizar. E dar a conhecer. Não conheço tanto vocabulário como gostaria, mas gosto de o partilhar. Gosto de corrigir os outros e ser corrigido. E tenho para mim, que quem assim não procede é pouco inteligente.
“Tácito” aplica-se a algo subentendido, ou implícito, que não utiliza a voz, ou as palavras, silencioso, ou calado, que não está visível, que não provoca ruído, ou agitação. Deparei-me com a curiosidade que dia 20 de Fevereiro era, segundo os Romanos, dedicado a Tácita, ninfa e depois deusa do submundo, relacionada com o Silêncio, e cuja devoção versava a protecção contra a maledicência. Claramente esta deusa não chegou à final do concurso de talentos. Na sociedade Ocidental, privilegiamos as pessoas extrovertidas, activas, bem dispostas, exuberantes, com graça e que sorriem, que fazem e que acontecem. Na verdade, esquecemos que muitos de nós não somos assim. Muitos de nós, gostamos e precisamos de silêncio.
A ideia não é nova, nem é minha. Como Susan Cain, deve haver imensa gente que disto já falou, escreveu e teorizou (podem enviar-me referências). No entanto, devem ouvi-la, se o tema vos suscita curiosidade. A sua eloquência e “fragilidade” faz desta TED Talk uma das minhas preferidas. Também a mim me cansa, por vezes, toda esta vertigem de coisas que têm de acontecer para as pessoas se sentirem vivas e para os outros nos respeitarem, nos ouvirem, nos considerarem.
Quando muitas vezes apenas queremos estar calados sem fazer nada. A pensar. Ou nem isso. E tal não significa que sejamos mais, ou menos. Que sejamos preguiçosos, apáticos, ou indiferentes. Apenas diferentes, ou no fundo nem isso… porque tantos outros são calados, calmos, e reflectem no seu espaço e tempo, que não é o do ponteiro dos segundos, mas o das horas.