Nós lutamos por contrariar as nossas tendências, reformular os nossos padrões e obrigarmo-nos a envergar por aquilo que, pelo menos à primeira vista, não é a nossa praia. E temos a ilusão de sermos felizes, pelo menos idealmente, desta forma. A grande questão é: porque é que será que temos a ideia de que aquilo que é confortável não vale a pena?
Negligenciamos aquilo que, genuinamente, nos faz felizes e, portanto, ignoramos a nossa irracionalidade. Pomos de parte a ideia de que, efectivamente, somos um ser com uma complexidade muito própria e, nesse sentido, temos de olhar para dentro de nós para sermos felizes e realizados, pessoal, profissional e humanamente, em toda a sua plenitude.
Se é verdade que se nos elevar-nos a um patamar (célebre) entre aquilo que somos e aquilo que queremos ser, a vida nos dá exactamente o que procuramos, por outro lado, ser fiel, precisamente, ao que sabemos que somos, aceitando a nossa individualidade e respeitando um amanhã sem grandes especulações, assumindo uma postura centrada na tal zona de conforto, o futuro dar-nos-á exactamente aquilo que não sabíamos que precisávamos para nós e, dessa forma, de bom agrado, agarramos o que o universo nos deu, confiando no destino que se nos foi traçado.
Contudo… talvez a verdadeira sabedoria esteja num meio termo: um equilíbrio entre uma aceitação (inteligente) do eu para si e uma ambição desmedida de proporcionar ao sujeito a oportunidade de se subjugar à eternidade de si, ao infinito da sua alma, enquanto ser que se esmera para se auto-realizar.
Portanto, para se ser plenamente feliz, não basta sair da tal zona de conforto como todos dizem: tem que se saber o que queremos para nós, chegarmo-nos à frente e conduzirmo-nos rumo ao infinito de nós mesmos, mas cientes daquilo que valemos e que queremos para nós, no nosso conforto, bem-estar e caixinha de autenticidade.