A lone figure uses a glowing device.

Redes pouco sociais

Na história da evolução humana, a vida em sociedade foi essencial para assegurar a sobrevivência da espécie. O nosso cérebro acompanhou o desenvolvimento destas relações humanas e os mecanismos cerebrais tornaram-se capazes de reconhecer satisfação nestas interações, através dos estímulos sensoriais recebidos. As informações que acompanham as relações presenciais, como o olfato, o toque, a forma de falar, são essenciais para promover a libertação de oxitocina, hormona associada ao bem-estar e aos laços afetivos.

No entanto, as formas de socializar têm vindo a transformar-se. As tecnologias e as redes sociais trouxeram uma proximidade e uma sensação de comunicação imediata que vêm substituindo cada vez mais as interações presenciais. Apesar da aparente facilidade de socialização online, o cérebro não interpreta estas conversas digitais como estando realmente na presença de alguém e o efeito cognitivo e hormonal são bastante distintos das interações presenciais.

Enquanto que esta dependência das redes sociais aumenta, também é maior o sentimento de solidão. Estudos indicam que as pessoas que são mais ativas nas redes sociais tendem a sentir-se mais sozinhas e mais depressivas. Estes dados são particularmente importantes porque quanto mais isoladas as pessoas se encontram, maior é o declínio da sua saúde física e mental, podendo provocar ansiedade, demência e aumentar a mortalidade precoce. Além disso, o isolamento pode levar a comportamentos aditivos em situações sociais como é o caso do phubbing, isto é, ignorar alguém presencialmente para dar atenção exclusiva ao telemóvel.

A maioria das pessoas relata sentir-se satisfeita com as suas relações virtuais, sejam amorosas, familiares ou de amizade, contudo, o ser humano foi feito para socializar com grupos maiores e desenvolver relacionamentos cara a cara, permitindo expressar emoções como empatia e cooperação. Algumas destas competências sociais, como a gestão de conflitos, ficam comprometidas numa relação online, dado que basta carregar num botão e a amizade desaparece.

Se quiser melhorar os seus relacionamentos, lembre-se do impacto destes meios de comunicação da próxima vez que conviver virtualmente com alguém e aproveite para combinar um piquenique para nutrir pessoalmente essas amizades.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico.

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