Criar uma imagem forte para o mundo exterior é um dos pontos mais importantes da política externa de cada país. A credibilidade externa é um factor que contribui de sobremaneira para que os diferentes agentes económicos externos se interessem por investir, por isso, passar uma imagem forte e de vitalidade económica para fora tornar-se essencial nas relações políticas, económicas e sociais entre nações.
Em nome desta credibilidade externa, os países onde a Troika elaborou um programa de recuperação da economia visa atingir este propósito: devolver a confiança ao mercado externo e promover o investimento. Este restabelecimento económico proposto pelas instâncias financeiras internacionais, que compõem a tríade da Troika, pretende equilibrar as contas públicas de cada estado e forjar uma imagem de confiança que alicie futuros investimentos.
Contudo a, já habitual, receita da Troika prevê sempre uma dose de austeridade que acaba por asfixiar a população e faz muitos se questionarem se pela necessidade de mostrar uma imagem de vitalidade e força económica valerá a pena suportar tantas medidas de rigor financeiro que retiram o poder de compra da classe trabalhadora. Desta forma, a credibilidade externa e interna entram em conflito apresentando um desfasamento entre as duas realidades.
Na opinião do actual governo português, este esforço pedido aos portugueses e o acordo de concertação social com os diversos parceiros sociais, à excepção da CGTP, do cenário politico e económico está a ser recompensado com uma melhoria da credibilidade externa portuguesa, algo que segundo o ministro da economia, Álvaro Santos Pereira, em declarações ao semanário Sol, difere Portugal dos outros. “Grande parte da credibilidade externa que Portugal tem conseguido deve-se à concertação social. É um activo que nos diferencia de outros países”.
A verdade é que Portugal tem sido apontado como um bom exemplo, junto da UE e o recente regresso de Portugal aos mercados foi uma vitória. Ainda assim, o caminho para estabelecer um crescimento sustentado e duradouro ainda é longo e com novos desafios pela frente. Fomentar uma credibilidade externa que seja simultânea à credibilidade interna é o equilíbrio que tem escapado ao governo que por agora apenas se tem preocupado em estabelecer as bases para a confiança externa.