Um dos temas que mais mexe comigo e que traz muito preconceito consigo está relacionado com as tatuagens e os piercings. Se é verdade que o nosso corpo é só nosso porque é que temos de ser vítimas de preconceito por fazermos o que queremos com ele?
Há uns dias, li um artigo que referia que quem tatua o seu corpo não quer nada mais nada menos do que “exibir-se”. Não acho que seja um ato de exibição mas sim um ato de independência. Porque é isso que nós somos a partir do momento em que mandamos em nós mesmos: independentes. E se somos independentes e gostamos de nos tatuar ou de piercings, porque é que somos vistos como “exibicionistas” por fazermos uma coisa tão simples como “pintar algo” no nosso corpo? Defendo aquela ideia de que “quem não gosta não olha”. Agora não vamos criticar alguém só porque tem um gosto específico por tatuagens ou piercings. Aliás, nós que nos dizemos tão amantes da Arte reprovamos um símbolo tatuado num corpo, mas esquecemo-nos que uma tatuagem é, também, uma forma de arte.
Um tatuador é um artista. E que artista! Mas, infelizmente, ainda é visto como um marginal. Se alguém nos tiver assaltado no meio da rua e nos apresentarem um homem “limpo”, bem vestido e com “boa aparência” e outro completamente tatuado e cheio de piercings, quem é que nos vamos desconfiar que nos assaltou? Exactamente! E a isso eu chamo de preconceito. Porque a aparência de alguém em nada tem a ver com a personalidade. Porque nós somos livres de fazer o que quisermos com o nosso corpo. E não merecemos, nem por um minuto, perder o emprego dos nossos sonhos só porque somos tatuados ou temos “furos” no corpo. Se cada pessoa que discrimina, põe de parte ou critica quem apresenta o seu corpo desta forma parasse para pensar, ia perceber que uma tatuagem ou um piercing em nada define o desempenho de um trabalhador. Mas ainda há esse preconceito. E depois gera-se o ciclo. O empregador não quer aquele ser humano tatuado a trabalhar ali porque é preconceituoso, ou então não é preconceituoso mas tem demasiados clientes que o são e, por isso, não é produtivo contratar alguém que “afasta” os clientes que acham que uma boa aparência é ter o corpo como ele veio ao mundo, mais nada.
Estou a um passo de pertencer ao grupo dos “tatuados”. Sempre foi uma arte que me apaixonou e em breve irei fazer a minha primeira tatuagem. Sou uma amante de piercings também e não vou hesitar em fazer qualquer uma das coisas só porque a sociedade ainda associa isso à marginalidade. Não considero ninguém que use tatuagens ou piercings “exibicionista” ou “rebelde”. Considero-os livres, independentes e cheios de personalidade. Porque têm a força suficiente para dizer “o corpo é meu e faço dele o que eu quiser!”. E a liberdade é isso. É mostrarmos que nós somos aquilo e ninguém tem o direito de interferir no que nós somos. E, sim, dentro de algumas semanas vou fazer a primeira tatuagem. Não porque seja exibicionista ou me queira afirmar como “rebelde” mas porque o corpo é meu. E no meu corpo, meus amigos, quem manda sou eu!