Novas regras e condições cinematográficas (1901-1910)

A partir de finais de 1900, o cinema encarado como indústria começa a dar os seus primeiros passos. Entre técnicas de Marketing, como a publicidade, o cinema ganhava adeptos nos EUA e criar-se-iam as primeiras salas. Em 1905, nasciam os nickelodeons – teatros cobertos, cujo custo do bilhete era de 5 cêntimos -, essencialmente frequentados por classes baixas.

Mesmo assim, o aumento exponencial das audiências era inevitável. Chicago, primeiro centro cinematográfico no país, disponha de 407 salas. A cidade nacional da cultura da época, Boston tinha apenas 20. Nova Iorque mantinha-se retardada, porque o mercado expandia-se para oeste.

VJ_NOVASREGRASECONDICOESCINEMATOGRAFICAS_2
Entrada de um nickelodeon

Em 1903, Edwin Stanton Porter (1870-1941) realizou Life of an American Fireman, uma curta-metragem de referência, pioneira nas técnicas de montagem e em planos de ligação. No mesmo ano, Porter estreava The Great Train Robbery, que garantiu um alargamento do público. Este independentemente da classe (e condição social) assistia em grupo aos mesmos filmes, nos mesmos espaços. Considerado também o primeiro western, estabeleceu a possibilidade de filmar em cenários naturais.

VJ_NOVASREGRASECONDICOESCINEMATOGRAFICAS_destaque
Edwin S. Porter

A incessante curiosidade do espectador permitiu compreender aquilo que o cinema tinha eventualmente para oferecer. E mesmo com a grave crise em 1907, o público não deixou de ir ao cinema, fonte monetária de recuperação económica.

Sucessivamente, a Motion Picture Patents Company (MPPC) começa a dominar o mercado e, por temer o avanço de produtores independentes, lança a política do Trust – na qual estes últimos estavam encarregues de pagar 2 dólares para a exibição dos seus filmes no mercado.
Além da censura, que eliminava cenas impróprias, como os beijos, os filmes sofriam a perseguição da yellow-press, a Imprensa sensacionalista norte-americana.
Pelo final da década, os EUA preocupam-se com aspectos técnicos como a iluminação. Todavia, a exigência de investimentos significativos gerara algum receio pelos produtores. São, entretanto, inaugurados os primeiros estúdios de vidro para trespassar a luz solar, que tornava a imagem cinematográfica mais nítida.

Os independentes com as melhores câmaras, começaram a ter mais sucesso, uma vez que o Trust já não conseguia exercer o controlo que tinha feito no passado. Thomas Edison deixaria o cinema para se dedicar às suas velhas paixões. Agora nas mãos de imigrantes, judeus e mulheres que constituiriam a cidade dos sonhos (e sem querer, de pesadelos) de Hollywood.

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Um cogumelo que parece uma delírio da natureza

Next Post

Polémicas marcam a 60ª edição da Eurovisão

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Read next

O resto – Parte 4

– Então que se passa? Isto tudo é para quê? Não te posso deixar sozinho avô. Tiras as coisas do sítio e…

A maravilhosa MARAVI

“Quantas aventuras podem existir num simples percurso entre casa e a escola?” Esta é uma das principais…

A encantadora de baleias

A trama centra-se nas tradições ancestrais e no conflito que estas geram com a sociedade global onde se vive.…