Isto de manias e fé, cada um com a sua. Respeito todas as que não atentem contra os direitos e liberdades dos demais. Quanto a milagres, sou como são Tomé, que para crer, só vendo. Para mim os verdadeiros milagres são poucos e este é um deles. Os premiados com o Nobel da Paz, em 2014, Kailash Satyarthi (Índia) e Malala Yousafzai (Paquistão) são os protagonistas de verdadeiros milagres e a sua crença na melhoria activa da realidade é uma fé bem forte que juntam à religiosa, que muito provavelmente professarão. Se assim não fosse, não se distinguiriam de entre os demais.
Ambos vivem hoje para defender as crianças. Se o indiano já o faz há décadas, e agora é justamente reconhecido, a adolescente paquistanesa leva apenas alguns anos, com mais mediatismo. Relembremos que ela foi baleada na cabeça por um guerrilheiro Talibã. Por defender a sua própria opinião e os princípios com os quais foi educada, entre eles, o direito universal à educação. Lendo algumas fontes, observei que o seu pai, director de uma escola, incitou sempre a que Malala dissesse o que pensava. Tendo em conta as suas circunstâncias, tal terá sido um tremendo acto de coragem, não fosse este também “apenas” mais um hábito que a família adoptara desde sempre. Olhemos para nós e vejamos quantas vezes não somos capazes de discutir, argumentar, debater de um modo saudável, respeitando a opinião do outro e estamos muito mais confortáveis a ouvir uma cassete de opiniões iguais às nossas, ou concordamos com o que se diz apenas porque não queremos ser do contra. Ou não pensámos muito sobre o assunto e comodamente assentimos.
Discordar é incómodo e aborrecido para a maioria, ingrato para os discordantes, mas necessário. E pode levar a verdadeiros milagres, reconhecidos por todos.