Medo

O medo é um impulso que nos pára, que nos prende que nos obriga a pensar duas vezes perante o que para nós é fora da norma ou desconhecido. Muitas vezes somos confrontados com estatísticas e factos que facilmente desarmariam muitos dos nossos medos, mas eles mesmo assim persistem.

Por vezes, o medo protege-nos, mas também nos impede de ver, sentir e experimentar coisas novas. Manifesta-se todos os dias e em diferentes situações. Uns têm medo de andar de avião, mas é o automóvel, o meio de transporte que tem a taxa de acidentes mais alta. Outros têm medo de se aproximar do mar, com receio do tão famoso tubarão branco, mas nunca sequer viram um, a não ser em filmes, óbvio. Há quem tenha medo da doença da época, seja o ébola, a gripe das aves, o dengue, a doença das vacas loucas, mas o facto, é que continuamos a morrer de uma simples gripe. E esta, hein? Não parece muito racional, pois não? Porém, o medo é isso mesmo, irracional. Quantos de nós têm medo de fantasmas?

O medo pode ser controlado, mas é preciso coragem para identificá-lo e olhá-lo nos olhos. Passa por nós, escolher se queremos viver com ou sem ele. Se escolhermos viver sem ele temos de ter consciência que não desaparece sozinho, é preciso muita autoconfiança e determinação. Duras batalhas se enconderão em cada esquina, mas a vida será certamente mais divertida.

Por outro lado, se nada fizermos, o medo, quando levado ao extremo, transforma-se em fobia.

A fobia é o medo patológico, que nos influencia drasticamente a nível físico, psicológico e social. Afasta-nos da nossa vida e de nós próprios, torna-se o centro da nossa existência. Criamos e adaptamos rotinas em redor deste sentimento que nos invade e nos mantém reféns dentro do nosso corpo.

Mas voltando ao medo. Normalmente, para darmos por ele é necessário a presença de um estímulo que nos provoque ansiedade e insegurança. Tem tendência para se manifestar em pessoas que dão atenção ao detalhe e que são extremamente organizadas e responsáveis, mas hoje podemos vê-lo em destaque no discurso político e em todos os telejornais. O tempo passa, mas o medo continua a ser uma ferramenta eficaz, o discurso simples que apela ao instinto mais básico.

É o medo que cria muros, é o medo que nos puxa para trás. Como a Capicua diz e bem “eles têm medo que não tenhamos medo”.

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