Média e Política – uma relação interdependente

No dia quatro deste mês de Outubro, o país foi chamado a usar o seu voto para escolher o governo que os cidadãos queriam que os representasse. A campanha, que oficialmente durou as duas semanas anteriores a este dia, começou muito antes. Já se preparavam as propostas para a governação, os cartazes, sempre que os políticos saíam à rua tentavam convencer o seu eleitorado para escolhe-los. No entanto, fazer campanha actualmente não é o mesmo que no século passado, por exemplo. Fazer ou mesmo ser político é diferente hoje do que era, quando os meios de comunicação não eram tão proliferalizados.

O desenvolvimento dos mass media, ao longo do século XX, e ainda com o uso crescente da Internet para nos informar, com especial destaque ao longo deste século, o ambiente político sofreu alterações. E apesar de que, já com a aparição da rádio, líderes como Hitler ou Roosevelt utilizaram-no para chegar às massas, como um meio de propaganda, hoje os meios de comunicação e os políticos têm uma relação interdependente forte. Tanto os políticos querem usar os media para falar com o seu público, como os media utilizam os políticos como fontes de informação.

Assim, a “actividade política organiza-se em torno de novas regras de funcionamento, adaptando-se à chamada ´mediatização da vida política´ ”, segundo Estrela Serrano. A ex-jornalista diz, ainda, que a política é actualmente influenciada “por um conjunto de técnicas (os media e as sondagens), de actores (os jornalistas e os conselheiros de comunicação) e de práticas (o marketing político).”

O autor Patrick O´Heffernan, no seu livro Mass Media and Ammerican Foreign Policy, afirma que os media e os políticos têm uma “relação de exploração mútua interdependente”. Diz que os media podem influenciar o campo da política, através dos seguintes pontos:

  • A tomada de decisão dos políticos é muitas vezes influenciada pela informação difundida pelos meios de comunicação e pelas representações que fazem da realidade.
  • Os media influenciam ainda a percepção que os políticos têm da eficácia das suas políticas, tanto sobre as questões que ainda estão na agenda, como sobre as questões já concluídas.
  • Os meios de comunicação chamam muitas vezes a atenção para assuntos que seriam deixados de lado, ou que poderiam passar despercebidos pela população, como por exemplo, o actual caso dos refugiados, se não fossem os media a debruçarem-se sobre o caso.
  • Podem também limitar as opções dos políticos, já que com a cobertura mediática as pessoas têm conhecimento quase imediato daquilo que os políticos fazem ou dizem e estes são sempre julgados pelas suas atitudes.
  • Não só influenciam os processos políticos, como também determinam o ritmo destes processos, podendo ter um efeito de aceleração, ou ao contrário, dando um destaque maior a um assunto, mantendo-o na agenda pública.

Os media são, assim, actores que nenhum político pode desprezar, já que, em suma, eles marcam a agenda, colocam os políticos sob pressão constante, trazem temas que de outra forma dificilmente seriam discutidos, principalmente com os cidadãos.

Quando falamos dos media, não falamos só de jornalistas e de programas de informação. Os comentários têm também um lugar muito importante, já que muitas pessoas ouvem os especialistas a comentarem os assuntos da semana, por exemplo, para ouvirem a sua opinião, a sua forma de ver o assunto, influenciando assim a opinião pública. O caso com mais destaque, em Portugal, seria o comentário de domingo à noite, de Marcelo Rebelo de Sousa.

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