Na história do cinema, alguns filmes destacam-se como clássicos atemporais que continuam a cativar o público ao longo de gerações. “Laura“, um filme de 1944 realizado por Otto Preminger, é sem dúvida uma dessas obras-primas. Com a sua mistura de suspense, romance e uma atmosfera de filme noir, continua a ser uma obra influente que deixou uma marca indelével no mundo do cinema.
A obra cinematográfica inicia com a perspetiva de um detetive sobre o assassinato da protagonista, Laura Hunt (Gene Tierney), morte esta que rapidamente descobre uma história de obsessão, engano e envolvimentos românticos na Nova Iorque dos anos 40. O detetive Mark McPherson (Dana Andrews) é escolhido para estudar o caso e, à medida que investiga a vida de Laura, fica cada vez mais cativado pela sua beleza, inteligência, e pelo enigma que a rodeia.
À medida que McPherson investiga, encontra um elenco de personagens intrigantes, cada um com os seus próprios segredos e motivos: Waldo Lydecker (Clifton Webb), um autor cínico e egoísta, que manteve uma relação próxima com a protagonista e que nutre por esta uma evidente obsessão; Shelby Carpenter (Vincent Price), o noivo carismático, ainda que oportunista, de Laura, torna-se outro foco da investigação. Desta forma, a longa-metragem navega pela complexa teia de relações e mergulha no lado obscuro das personagens e das suas intenções.
“Laura” é frequentemente considerado um perfeito filme noir. Este termo, “film noir“, refere-se a um estilo cinematográfico caracterizado por uma aura sombria e temperamental, personagens complexas e modeladas, assim como um sentido de ambiguidade moral. Nesta obra, esses elementos são habilmente combinados para criar uma narrativa envolvente e cheia de suspense, que deixam sem dúvida o espectador investido até ao último segundo, não existindo na sua duração um único instante monótono.
Uma das características que definem este género cinematográfico é, novamente, a complexidade das suas personagens, e este filme destaca-se neste aspeto. Laura Hunt é uma mistura cativante de beleza, vulnerabilidade e força, que continua a cativar mesmo após a sua morte. Já o detetive McPherson é o anti-herói clássico do noir, um investigador obstinado que acaba por se envolver emocionalmente no caso.
“Laura” marcou assim o mundo do cinema e tem sido uma fonte de inspiração para inúmeros realizadores e escritores. A sua influência é evidente nos trabalhos de realizadores como David Lynch, que se inspirou nos temas abordados e elementos estilísticos. A enigmática mulher fatal e o detetive assombrado pela sua presença, são motivos recorrentes no género do filme noir, o que realça ainda mais o impacto desta obra.
“Laura” é uma obra-prima que mantém o seu fascínio há quase oito décadas. O seu enredo envolvente, as personagens bem abordadas e os elementos cativantes do filme continuam a encantar o público, sendo a fama deste um testemunho do poder duradouro do cinema clássico e um lembrete de que certas histórias podem exercer permanente fascínio.