Viajar até à Croácia é percorrer mais de 1.700 quilómetros de costa, é conhecer uma natureza luxuriante de perder de vista nos seus 8 parques naturais e, principalmente conhecer um país que resume uma grande diversidade cultural e gastronómica.
Foi precisamente esta aventura de 9 dias que efetuei no verão de 2016 sob um calor esgotante de 40º à sombra em que os poros do corpo libertavam toda a água existente, levando-me a ingerir grandes quantidades de líquidos para não desidratar. Fazer esta viagem nos meses quentes de verão de Julho e Agosto, não é mesmo recomendável, porque o calor é insuportável para quem tolera mal temperaturas elevadas.
A Croácia está dividida em quatro regiões históricas – a Dalmácia, a Croácia Central, a Ístria e a Eslavónia. Cada uma destas regiões tem influência dos diferentes reinos e impérios, pelo que viajar pela Croácia é ficar a conhecer uma grande panóplia de culturas, formas de estar e atitudes socioculturais dos povos do Adriático.
Esta viagem iniciou-se em Lisboa com destino a Dubrovnik, considerada a pérola do Adriático, é uma cidade icónica no extremo sul da Croácia e palco de muitos filmes de aventuras de piratas e vikings, um ponto turístico preferido pelos viajantes pela sua beleza própria de estar envolvida numa muralha de vários quilómetros à volta e ser também um ponto de paragem e de atração de muitos cruzeiros que fazem a rota do mediterrâneo.
Fiquei rendida ao charme e beleza desta cidade onde permaneci duas noites que souberam aliás a pouco, sobretudo pelo azul-turquesa mágico do mar que envolve a cidade, deixa-nos uma sensação de liberdade e igualmente de tranquilidade.
A cidade “transpira” vida, um mix de culturas que se estende desde o monumento Palácio do Reitor até á chamada “Old Town”, percorrendo as muralhas originalmente concebidas no século IX e depois fortificadas no século XV para evitar os avanços do império turco.
A Porta de Pile (que significa Porta em grego) é a principal entrada das Muralhas de Dubrovnik para a parte antiga. Foi erigida em 1537 e, por muitos anos foi a única entrada para a cidade.
Percorrer todo o núcleo histórico da cidade, passar a ponte levadiça de madeira sob o olhar atento de S. Brás, o padroeiro da cidade, é quase sentirmos que somos também uma personagem principal nesta cidade, tal como os filmes e séries TV como a mítica “Guerra dos Tronos” que notabilizou e chamou a atenção do mundo para a beleza sedutora de Dubrovnik.
Para além do Palácio do Reitor, destaco também como visitas a efetuar: o Monte Srd, a Ilha de Lokrum, Forte Lovrijenac, o Mosteiro Franciscano, a Catedral de Dubrovnik e, por último e não menos importante, a Fonte de Onofrio, obra de destaque do italiano Onofrio della Cava, século XV, um monumento que fica na entrada principal da cidade. Após dois dias em Dubrovnik segui estrada para Split, que se situa na região da Dalmácia, a sul e esperavam-me 230 Kms, cerca de 3 horas de caminho sinuoso junto á costa do mar Adriático.
Ao longo dos séculos que se seguiram, Split esteve sob o domínio bizantino, veneziano, húngaro, francês, austríaco, italiano e jugoslavo e desenvolveu-se e cresceu para alcançar o estatuto principal de centro cultural na costa oriental do Adriático.
Em Split, onde estive cerca de 2 dias também, é possível aproveitar sol e mar com um convite direto a conhecer as praias de Bacvice ou Firule, para além da culinária local chamada de “Spiza” que apresenta uma gastronomia muito diversificada pelos temperos e sabores peculiares dos Balcãs.
Para além das praias muito diferentes das nossas praias portuguesas em que o areal é rochoso e escuro como o carvão, há a realçar as visitas ao Palácio de Diocleciano, um dos monumentos romanos mais preservados do mundo, património mundial da UNESCO e considerado o coração de Split, lugar onde tudo começou a nível histórico, bem como o Templo de Júpiter e as praças, sendo a mais conhecida a Praça do Povo “Narodni trg” localizada a oeste do palácio de Diocleciano.
Depois de Split segui para Zadar, num percurso de 2h30 para 167 kms para continuar a percorrer um longo asfalto de curvas e contracurvas para chegar a Zadar no final do dia, num clima perfeito para descansar e degustar um gelado de limão que refresca a garganta após horas de intenso calor.
O centro histórico fica numa zona conhecida como a Península “Poluotok” e coabita com a Igreja de S. Donato, um local perfeito para deambularmos por um ciclo de história, por ruas pavimentadas em pedra branca e chegar ao cais “Riva” que convida a um passeio à beira-mar ou o cais “Porto Velho”, ponto de partida de muitos barcos de passageiros com destino às praias e ilhas.
Zadar é também conhecida pelo magnífico pôr de sol, momento de pura descontração e, também pelo “Órgão do Mar”, desenhado em degraus de mármore em direção ao mar permite apreciar o som emitido pelas ondas do mar que criam uma melodia musical única.
Depois do destino de praias e sol intenso, foi altura de conhecer um dos parques naturais mais conhecido, o Parque Nacional dos Lagos de Plitvice. Considerado uma das reservas mais antigas do sudeste europeu, é património da humanidade da UNESCO desde 1979. Neste parque encontramos toda a fauna, vegetação e percursos pedestres intensos para quem gosta de caminhar pela natureza e por passadiços de madeira que fazem a ligação entre os lagos ao nível da água.
Após um contacto memorável com os Lagos de Plitvice, seguiu-se a etapa seguinte até Zagreb, capital da Croácia e ponto final desta viagem de vários dias de completa descoberta de um país rico em montanha e mar.
Zagreb é uma cidade distante do mar e contraste com outras cidades pela sua visita não ser tão apetecível e não atrair tantos turistas como seria de prever. Pessoalmente, não foi uma cidade que me chamasse muito a atenção, é mais conhecida pela sua zona mais pitoresca, a “Cidade Alta”, pelos passeios a pé até à Catedral de Zagreb, imponente monumento histórico ou a Igreja de S. Marcos, sem esquecer a gastronomia típica dos Balcãs para um prato típico o “ ćevapčići “ (salsichas acompanhadas por cebola picada e pão).
Esta viagem, entre todas que já tive o prazer de fazer e sentir tantas experiências, foi marcante na forma como levou-me a alma a passear na descoberta de novas culturas, de um povo diferente, muito fiel às suas tradições, bem como o contacto com a natureza imponente de um mar característico de azul penetrante.
Para terminar, eu acrescentaria algo que penso muitas vezes e que partilho convosco: “Se nada acontece na nossa vida, nada melhor do que viajar, conhecer e viver para que algo aconteça e que possamos memorizar e eternizar”.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico