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A geração digital na educação

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Quem nunca viu uma criança de dois anos a mexer no telemóvel como se tivesse nascido ensinado? “Até parece que nasceu ensinado”, dizemos com orgulho como se os nossos (filhos, netos, sobrinhos, etc.) fossem super desenvolvidos e demasiado inteligentes para a idade, mas a verdade é que são todos assim hoje em dia, não é verdade?

Nada têm os nossos de especial. Apenas é esta nova geração da era digital. Uma geração que nasce no mundo da tecnologia desenvolvida, no normal dos dias de hoje.

São raras as pessoas que não usam telemóvel, ou melhor, smartphone. Conheço pessoas já na terceira idade que usam smartphone e têm redes socias. Então, como nos espantamos tanto que as crianças estejam tão à vontade com estas novas tecnologias?

Quantos pais estão, no seu dia-a-dia com um bebé num braço e o telemóvel no outro? A jantar à mesa com um telemóvel na mão?

Como não esperar que uma criança que abraça desde cedo este cenário não cresça “ensinado”, quando aprende por observação?

Como não esperar que este paradigma tenha igual influência na educação?

Não sou professora, muito menos psicóloga, mas o que entendo é que haverá que existir um equilíbrio na educação no que às novas tecnologias respeita. Entendo ser importante não se entrar em extremos e cortar por completo as novas tecnologias dos métodos de ensino, no entanto, também não se deverão esquecer os métodos tradicionais.

Dou-vos um exemplo.

Tenho um sobrinho de 12 anos que está a frequentar o 7.º ano. Uma das suas professoras decidiu exibir um documentário, até aqui tudo bem. Contudo, muito surpresa fiquei quando soube que, em vez de o exibir em projetor ou por qualquer outro meio colectivo, decidiu que cada um dos alunos o visualizaria no seu próprio telemóvel dentro da sala de aula.

Outra situação que me surpreendeu foi o facto de os manuais escolares serem, em alguns casos, digitais. Trata-se de um projeto piloto que tem como finalidade a substituição gradual do manuais em papel.

Na minha época bem me queixava do peso que trazia na mochila. Talvez esta medida, nessa perspetiva, não seja tão descabida.

No entanto, numa época em que o interesse das crianças nos livros é cada vez mais escassa, será uma boa medida?

Deverá ser um desafio extramente difícil para os professores encontrar este equilíbrio que julgo ser necessário. Manter o interesse dos alunos nos métodos tradicionais poderá ser a mais árdua tarefa.

Pelo que, até compreendo que a professora do meu sobrinho, talvez tenha entendido ser a melhor forma de manter o foco dos alunos no documentário, jogando com as ferramentas que tinha ao dispor, arranjando, de igual forma, uma estratégia para que não utilizassem o telemóvel às escondidas.

De todo o modo, na minha modesta opinião, entendo que a tecnologia traz inúmeras vantagens ao ensino, principalmente em matérias relacionadas com a ciência e a informática.

Por outro lado, o recurso excessivo das crianças ao mundo digital, traz aos professores o maior dos desafios, manter a atenção e interesse dos alunos na sala de aula, cativando-os com recurso a métodos mais tradicionais.

No entanto, também sou de opinião que esta aprendizagem começa em casa, com os pais e demais família, a quem compete mostrar às crianças que existe vida para além de um ecrã e que muito se aprende, por exemplo, com a leitura de um livro ou com o jogar à bola na rua.

O que não se ensina com palavras mas com comportamentos.

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