Criati–Vida-de à portuguesa

Num mundo cada vez mais competitivo as marcas enfrentam o desafio constante de encontrar abordagens inovadoras para se destacarem da concorrência. Uma estratégia que tem vindo a revelar-se de grande eficácia é o storytelling. É uma arte que envolve contar histórias, uma prática que pode ser aplicada em diversos contextos, incluindo a publicidade, o marketing e a comunicação institucional. Quando executado de forma criativa, o storytelling pode desempenhar um papel crucial na capacidade das marcas para estabelecer conexões profundas e emocionais com os consumidores.

Mas afinal, para quê contar histórias?

As histórias são um meio fundamental de criar conexões humanas. Quando uma marca conta uma história proporciona uma oportunidade única para estabelecer um vínculo entre quem vende e quem, potencialmente, compra.

É com o contar de uma história que a marca se diferencia da concorrência; no contexto de um mercado cada vez mais saturado, é imperativo que as empresas encontrem formas de se destacar. A história que eu tenho para contar da minha empresa, dos meus colaboradores, do uso possível dos meus produtos será, necessariamente, diferente da do meu concorrente ainda que estejamos a vender a mesmíssima coisa – seja ela produto ou serviço. O público apaixona-se pela narrativa que rodeia o produto e já não tanto pelo produto per si. É a emoção criada que gera leads e vendas.

Um Caso de Sucesso Português

A marca “A Vida Portuguesa” é um grande exemplo de como o storytelling pode ser utilizado para promover e diferenciar uma marca no mercado português. Fundada em 2007, a primeira loja da marca abriu no Chiado, em Lisboa. Esta marca substitui a marca “Uma Casa Portuguesa” e explora a narrativa da tradição portuguesa.

A “A Vida Portuguesa” é conhecida pela venda de produtos tradicionais portugueses que celebram a história e a cultura do país.

Na secção do site Sobre Nós, a marca utiliza o título Manifesto para o texto abaixo, que é um ode à escrita que prende a atenção. Ora leia:

“Acreditamos que os objectos são capazes de contar extraordinárias e reveladoras histórias. Sobre um povo e os seus gostos peculiares, sobre uma sociedade e o seu contexto, sobre uma história que é afinal uma identidade comum. E, porque conhecemos – como não? – o infinito poder da saudade, outorgamos também aos objectos esse condão mágico de, como uma certa madalena, acordar sensações e lembranças em cada um de nós. Revelar-nos portanto.

A Vida Portuguesa nasceu com a vontade de inventariar as marcas sobreviventes ao tempo, a intenção de revalorizar a qualidade da produção portuguesa manufacturada e o desejo de revelar Portugal de forma surpreendente.

Ao longo dos últimos anos pesquisámos, do Norte ao Sul de Portugal, produtos de criação e fabricação portuguesa. Que produtos são esses? São produtos que atravessaram gerações e nos tocam o coração. Fabricados desde há muito, mantiveram até aos dias de hoje as mesmas embalagens originais, bonitas, pueris. Devem a longevidade à sua qualidade, excelentíssima nalguns casos (e reconhecida no estrangeiro também). Com o tempo, o génio e o labor tornaram-nos perfeitos e essenciais. São marcas registadas na memória e comercializam uma forma de viver. Relembram o quotidiano de uma época e revelam a alma de um país.

Estes produtos são nossos.

Estes produtos somos nós.”

A estratégia de storytelling d’ “A Vida Portuguesa” é abrangente, sendo aplicada em diversos canais, desde as redes sociais até ao site institucional e campanhas publicitárias. Nas redes sociais, a marca partilha histórias cativantes sobre os produtos que comercializa, as pessoas por trás da produção e a história de Portugal. O site institucional da marca está repleto de narrativas que permitem aos consumidores aprofundar o seu conhecimento sobre a marca e os seus produtos. Dê uma espreitadela.

A visibilidade da marca “A Vida Portuguesa” pode ser analisada como uma variação do que vemos em muitas marcas globais de sucesso. A tendência internacional mostra que as marcas líderes estão a adotar uma abordagem centrada na narrativa para se destacarem. Por exemplo, a Patagónia, uma marca de equipamentos outdoor dos Estados Unidos, utiliza o storytelling para destacar a sua dedicação à sustentabilidade e à proteção do ambiente. Ao partilhar histórias sobre as suas iniciativas e esforços, a Patagónia cria um vínculo emocional com os consumidores que valorizam esses princípios.

Outro exemplo é a Nike, que há décadas utiliza o storytelling para inspirar atletas e entusiastas do desporto por todo o mundo. Os seus anúncios e campanhas estão recheados de histórias de superação, perseverança e dedicação que, não só promovem os seus produtos mas também inspiram uma ligação profunda com a marca.

Tanto os exemplos internacionais como a estratégia da “A Vida Portuguesa” mostram-nos como a criatividade no storytelling pode ser a chave para que uma marca se destaque num mundo saturado de mensagens de apelo ao consumo. As marcas que conseguem contar histórias envolventes, autênticas e emocionais têm a capacidade de capturar a atenção do público, criar um vínculo duradouro e, em última análise, impulsionar o sucesso.

Então, utilizar um processo criativo diferenciado no storytelling é mais do que uma opção, é uma necessidade. É através da habilidade de contar histórias de forma única e autêntica que as marcas podem não apenas sobreviver, mas transformar a narrativa em sucesso numa época em que a atenção do consumidor é um recurso valioso e escasso. É a criatividade que permite que as marcas se destaquem no cenário competitivo e conquistem um lugar especial no coração e mente dos consumidores.

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