Chega o comando da TV

André Ventura esteve em mais de 36 entrevistas na televisão este ano, o que significa que entre “bandalheira”, “vergonha”, “Bangladesh” e histerismo aleatório deve ter respondido a um total de 2 perguntas.

A mesma pessoa que fica melindrada pela pergunta “Porque berra tanto?” ao ponto de sair de um estúdio de televisão, com certeza parece o tipo de pessoa que responde a tudo.

Convenhamos, André Ventura tem toda a razão em sair de um estúdio de televisão. Onde é que já se viu entrevistadores fazerem perguntas? A seguir esperam o quê? Que entrevistados respondam??

A verdade é que não é chocante o André Ventura abandonar um estúdio de televisão, é chocante os estúdios de televisão não abandonarem o André Ventura.

Neste momento o Chega tem mais câmaras de TV do que municipais.

Parece que a cada semana podemos ver uma “entrevista exclusiva”. A quantos canais é preciso dar entrevistas até deixarem de ser exclusivas?

Por este andar há casas de banho portáteis mais exclusivas que as entrevistas do André Ventura.

No entanto, parece que este número não chega, a comunicação social para o Chega é composta por meliantes malignos que só convidam os seus membros para os vilipendiar todas as semanas em tudo que é canal, e pelos vistos os membros do Chega fazem questão de ir lá ser vilipendiados. É um suplício que aceitam sempre com prazer.

Da mesma forma, as televisões são más porque não convidam os membros do Chega para tudo. Vê-se constantemente os seus membros reclamarem que não são convidados para o programa do Ricardo Araújo Pereira, ou até que Claúdio Ramos não quis estar presente numa entrevista com o líder do partido. Para não sentirem mais este nível de desprezo, esperemos que se possa arranjar tempo entre as digressões para o chefe dos Caricas estar presente quando o André for inevitavelmente convidado para ir ao canal Panda.

Entre as várias entrevistas, destacam-se ainda duas à Júlia Pinheiro. A Júlia entrevistar o André Ventura é interessante porque, de um lado temos uma pessoa conhecida por estar histérica em programas diários repletos de trivialidades e atuações de artistas pimba que agradam aos avós com saudades de antigamente, e do outro lado temos a Júlia Pinheiro.

No entanto, com tanta presença, não se vê apresentada uma única medida de melhoria do país, parece até que a única forma de um membro do Chega falar em medidas é se alguém lhes perguntar o tamanho dos cartazes.

Como tanto insistem que a Comunicação Social não é de confiança, e a título de exemplo, ainda há pouco tempo perguntei diretamente ao vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, nas redes sociais o que o seu partido fez pelos emigrantes portugueses. Obtive a seguinte resposta: “Fazemos tanto que ganhamos as eleições no círculo dentro e fora da Europa! Eles Sabem!”. Eu chamei a atenção que ganhar eleições não é o mesmo que fazer algo pelas pessoas, ao que Pedro respondeu “Este acha que os eleitores não reconhecem o trabalho feito quando votam à direita”. Eu afirmei “se é assim tanto trabalho feito não custa nada dares um exemplo”. Ainda aguardo respostas por parte do deputado.

Só cerca 13% dos portugueses inscritos votaram no Chega nas últimas legislativas. Resta aos outros 87% acompanharem a humildade do partido pela televisão.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico

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Julio Cortázar y Cris

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