O rasto digital irá perdurar para lá da nossa existência.
Não sei se a maioria das pessoas tem noção disto e se tem, uma vez que muitos utilizam as redes sociais como uma extensão de si próprios, o fazem com o intuito de: “deixar a sua pegada digital”. Ao agirmos desta maneira, estamos a construir uma imagem de nós próprios para nós e para mundo, que nem sempre representa a realidade. Julgamos nós, quando o fazemos, que estamos a partilhar a nossa melhor versão. E isso nem sempre é verdade.
Tudo isto levanta outras questões.
Quais serão as vantagens e desvantagens de agirmos desta forma? Por que damos tanta relevância ao digital em prol do mundo real? Será que esta utilização massificada, não será apenas para criar uma ilusão? Uma ideia de felicidade e perfeição, que o mundo real não comporta?
Estamos a viver num tempo em que as fronteiras físicas deixaram de ter importância e podemos comunicar com qualquer pessoa no mundo, em qualquer lugar, a qualquer hora. É uma barreira que se esbateu com a Internet e o desenvolvimento tecnológico que temos vivido nos últimos anos. A ideia de estarmos sempre contactáveis, deixarmos a nossa imagem e conteúdos para sempre no espectro digital, será a que nos permite construir um futuro transparente ou uma ilusão?
Construímos esta ideia que estamos sempre on e estamos sempre perto, mas nunca as pessoas se sentiram tão sós. Não será um contrassenso?
O progresso, como tudo na evolução humana, tem demonstrado que existem dois lados: o positivo e o negativo. A gestão do dia-a-dia ficou mais fácil e mais rápida com a simplificação de processos e burocracias, mas as relações humanas parecem ter-se tornado mais complexas. A persona que eu sou na vida real e a persona que crio, nomeadamente nas redes sociais, nem sempre se alinha com os mesmo valores.
Afinal, quem queremos ser e como? O futuro sem barreiras que perspectiva, está a separar-nos?
Nota: Este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico