A crise das dívidas soberanas fez com que a União Europeia se dividisse entre Credores e Devedores. A compreensão, liberdade e igualdade entre os Estados-membros – princípios fundadores da União – foram postos de lado em nome da estabilidade financeira de alguns.
Isto porque o alargamento da União foi feito sem pensar em todos. Basicamente o que sucedeu foi que os mais ricos viram no alargamento a oportunidade de adquirir mão-de-obra qualificada e barata. Esqueceram-se de que no seio da União havia um grupo de Países (Portugal, Espanha, Itália, República da Irlanda, Malta e Grécia) que tinham tido um pseudo crescimento/desenvolvimento que precisava de ser reforçado e organizado pela União Europeia.
Agora juntemos a estes factos a gravíssima crise migratória no Centro da Europa. Crise que é provocada pela guerra na Síria. Uma guerra patrocinada directamente por Ingleses e Franceses e pelos Alemães de uma forma indirecta. Diga-se neste ponto que os Refugiados Sírios não querem ser acolhidos nos Países pobres da União. E como se não bastasse, os Países do Leste querem fazer parte do projecto europeu mas não querem a divisão de esforços entre os Estados-membros. Inclusive já se começa a falar na hipótese de construção de muros que impeçam a entrada de Refugiados em países como a Hungria, Eslovénia, Áustria etc. criando, desta forma, ima espécie de zona tampão na Sérvia (um País nada problemático), Macedónia e Grécia. E muitos destes muros serão construídos nas fronteiras de Estados-membros da União Europeia.
É neste cenário que surge a última crise Reino Unido/União Europeia onde um lado e outro impõem a sua lógica sem que se haja um meio-termo. Se de um lado os Britânicos ameaçavam (e ainda ameaçam) com o “Brexit”, do outro temos um conjunto de burocratas que impõe a sua intolerância perante tudo e todos. Ambos os lados fazem finca-pé das suas posições porque acima dos interesses da União estão os seus próprios interesses.
O problema é que no actual estado de coisas os Britânicos têm todo o direito de jogar o seu jogo. Estes nunca se consideraram verdadeiramente Europeus. Para mais sabem que um eventual “Brexit” será altamente prejudicial para a União Europeia. Para além disto não foram os Britânicos os primeiros a tomar medidas de “estrangeiro rua”. Pouco ou nada se falou na temática, mas há não muito tempo o Governo Belga tomou a decisão de expulsar cidadãos europeus que não conseguiam arranjar emprego na Bélgica mo prazo de seis meses.
O espaço Europeu tem graves desequilíbrios que deveriam ter sido tomados em consideração na hora da expansão Europeia para o Leste. E é muito por causa disto que o projecto europeu acabará por ruir mais cedo ou mais tarde.
A Europa está fracturada e não se vislumbram sinais de que estas fracturas possam desaparecer. É verdade que as desavenças entre os mais ricos vão sendo serenadas aqui e acolá, mas o problema no seu todo mantêm-se e não é com acordos feitos à pressão como este último celebrado entre Reino Unido e União Europeia que impedirão colapso da Europa unida. Estes apenas contribuem para se adiar o inevitável caso não se faça ima profunda reflexão e se regresse ao princípio fundadores da União do “todos diferentes, todos iguais” em todos os aspectos sem excepçáo alguma.