Ele batia com o pé direito no chão, estando a marcar o ritmo da impaciência face ao atraso do início do concerto.
Assim que o espectáculo começou, ergueu a máquina fotográfica na direção do Vocalista.
Depois também foi fotografando os outros membros da banda, nomeadamente, o baterista, o baixista e o guitarrista. Mas a tremenda entrega do Vocalista em cada canção, fez com que se centrasse na performance do líder da banda.
O cantor suava, as veias do seu pescoço ficavam mais salientes, nas partes em que as canções exigiam mais dos seus dotes vocais.
Mexia o corpo de várias maneiras.
Ora fazia expressões tristes, ora mais aguerridas ou dramáticas, consoante o que cada canção despertasse.
Erguia o punho cerrado no ar, levava a mão à cabeça em sinal de desespero, ou ao peito, quando a canção lhe chegava à alma.
As interjeições que ia soltando, exprimiam o êxtase.
A sua energia parecia inesgotável.
Quanto ao Fotógrafo, tentava ser o mais rápido a fotografar, com o dedo indicador direito a premir à maior velocidade possível o botão de disparo da máquina fotográfica, ao ponto de a máquina deixar de lhe corresponder, por estar a guardar as fotos e chegar ao limite de disparos.
Ele queria capturar todos os momentos.
Ao mesmo tempo que fotografava, por vezes, também ia cantando e de vez em quando, mexia ligeiramente o corpo ao ritmo da música, tal era a energia que sentia vinda do palco.
Em casa, ao rever as fotografias para as seleccionar e enviá-las para a revista, um largo sorriso invadiu-lhe o rosto, face à espetacularidade das imagens.
Quando entregou as fotos, disseram-lhe:
– Belas fotos!
– A culpa é dos Artistas! – conclui ele.