Quem escreve pega num sentimento perdido e costura com ele uma história.
O escritor sente o lado transparente do coração e pega nessas pontas soltas para construir um sonho perfeito com que irá fazer alguém sonhar. É com essa simplicidade que dá vida a um amor que tem tudo aquilo a que o mundo chama perfeição, sem que aceite que ninguém é perfeito e que é nas linhas curvas da vida que se escondem as imperfeições que dão cor aos nossos dias.
O escritor guarda as imagens do que já viveu. Fotografa as emoções de quem lhe passa ao lado. Capta o sentir de quem se esconde do amor, com medo de voltar a sofrer. Mais tarde, quando todos julgam que o calor do momento já passou ele mistura todas aquelas realidades para tricotar à sua maneira uma história que possa incluir tudo o que seus olhos viram e que o coração sentiu.
É dessa forma que cria ilusões na mente de quem o lê e não consegue perceber que aquela história nasceu do cruzamento de várias vidas que um dia se sentiram perdidas e a para quem ele encontrou um rumo. Aquele história que ele escreveu é a voz silenciosa de tantos corações que choram escondidos a sua dor e que sem saber estão a ser retratados naquelas palavras que nos fazem acreditar que tudo o amor é fácil. Aqueles palavras descomplicam o que as pessoas não sabem entender. O amor não é fácil, nem difícil. O amor é uma lição que nunca acaba e que todos os dias nos poderá surpreender se tivermos a ousadia de sentir de olhos fechados e coração aberto.
Quem escreve dá voz ao que a alma sente o que muitos não querem dizer. Quem escreve cria cenários perfeitos para nos mostrar que somos que complicamos a arte de viver quando não deixamos que a simplicidade de existir possa ser o primeiro passo para aprendermos a amar. Quem escreve não escolhe as palavras, apenas constrói histórias reais com personagens fictícias. Pega em seres humanos e explica-nos o que é sentir amor por alguém. Explica-nos que é a nossa falta de tempo para viver que faz com que nos desencontremos da felicidade de cada vez que complicamos a simplicidade. Temos tudo nas nossas mãos e no entanto chamamos por uma ilusão que não nos vai levar a lado nenhum.
Da próxima vez que ler uma história de amor pare um pouco para pensar nas vezes que viveu tudo aquilo que o escritor está a retratar sem que tenha dado valor aos segundos em que abraçou essa felicidade. Lembre-se de que o escritor costura vidas que estavam esfarrapadas dando-lhes um brilho diferente e é nesse pequeno espaço que mora a arte de ser feliz. A felicidade está em tudo o que você não soube viver e que o escritor aproveitou para dar outra cor à história que o conquistou.
Lembre de que o escritor também vive e também sofre por vezes. Ele também erra e também se nega a ver verdades que são tão reais quanto as palavras que ele usa para escrever as histórias dos outros sem pensar na sua própria história.
Mas, quando acabar de ler a sua história não se esqueça de que deve parar de se lamentar e aprender a viver um pouco mais. Esqueça as palavras do escritor e ouça a batida desse coração que vive oprimido no seu peito e que está sedento de viver a sua grande história.
Use a sugestão do escritor e escreva a sua vida, enquanto o escritor observa o mundo à procura de vidas que o inspirem.