Lilo & Stitch — O filme

Quantas vezes desejámos fugir para uma ilha paradisíaca como se as suas águas fossem a cura milagrosa para os nossos males?

Trago-lhes um pedaço do Havai e nem precisam de se levantar de onde quer que estejam.

Lilo & Stitch, um filme de grande sucesso que se estreou nos cinemas em 2002, continua, 22 anos depois, a fazer os jovens e os adultos delirar, não só com a sua história, mas também pela «Experiência 626», chamada de Stitch por Lilo.

Sucesso de bilheteira que ficou somente um passo atrás de obras cinematográficas, tais como: Minority Report e Mr. Deeds.

Mesmo após lançamentos gigantes, tais como Homem-aranha e Star Wars: Episódio II — Ataque dos Clones, o filme manteve-se constante e arrecadou cerca de 273,1 milhões de dólares pelo mundo, ficando em segundo lugar na lista das maiores bilheteiras para filmes de animação, perdendo somente para Idade do Gelo, naquela época.

Qual é a sua história?

O filme começa no planeta Turo, com o julgamento do cientista Dr. Jumba Jookiba que, através das suas experiências ilegais, criou a Experiência 626, que mais tarde será chamada de Stitch e, consequentemente, é a estrela do filme.

Criado para o caos e destruição e sendo ele indestrutível, Stitch é condenado ao exílio, mas, como criatura inteligente que é, consegue escapar, roubar uma nave e fugir para o planeta terra onde foi parar a Kauai, no Havai.  

A introdução prende o público de imediato ao enredo, sendo o protagonista na realidade muito cómico, entre tentativas de fuga, ao ganhar uma personalidade e um propósito completamente diferentes daqueles para que foi criado; e a voz que lhe deram, que sobressai como algo nunca visto.

Dá para compreender a febre dos mais jovens, quando até os adultos são fãs, apesar de, com o decorrer da história, na nossa atualidade, com tanta intolerância ao que passa nos ecrãs, certas atitudes problemáticas das personagens principais possam ser um obstáculo.

Com isto viajamos então para o planeta terra e para uma casinha no meio de Kauai, no Havai.

Lilo, personagem principal, também, é órfã, Nani a sua irmã mais velha é a responsável por ela. Tendo de fazer o papel de duas figuras na vida da pequena Lilo, sendo ela mesmo uma moça jovem, é complicado. O filme trata principalmente do conceito de “Ohana”, família, e, talvez por esse pormenor, faz toda a diferença aos olhares mais críticos e passe adiante de situações tais como, a desobediência de Lilo e a forma violenta como ela se defende das meninas que a ridicularizam.

Lilo não tem amigos. Com pavio curto, bastante atitude e desobediente, dificulta a vida da sua irmã. Cobra Bubbles, agente social, aperta o cerco a Nani em relação aos cuidados da sua irmã e a ameaça é palpável quando este apanha Nani a tentar entrar em casa, uma vez que Lilo pregou a porta para evitar que ela entrasse em casa.

Nesta cena, ficou vincada a geração musical escolhida pelos criadores quando num gramofone, Lilo põe um disco de vinil de Elvis Presley e numa cena muito dramática estendida no chão diante da sua irmã desesperada, faz playback de Heartbreak hotel.

Muito mais adiante, após uma sucessão de acontecimentos que deixarei para descobrirem, Nani decide ir com Lilo ao canil para adotar um amigo que ajude a mitigar a solidão de Lilo. É aí que encontram Stitch.

A pequena, sem medos, escolhe o extraterrestre, mesmo vendo o seu lado caótico e percebendo que todos, incluindo a sua irmã, receavam a criatura. Já Stitch, percebe que está a ser seguido e usa Lilo como escapatória para não ser apanhado pelo seu criador, Jumba, e acompanhante, Pleakley, que acredita piamente que os mosquitos são a espécie protegida do planeta e os humanos fazem parte da sua cadeia alimentar, sendo que só por este motivo os humanos tinham de ser protegidos.

O desenrolar passa pelas tentativas de Nani encontrar um novo emprego para sustentar a sua família após ser despedida e barrada sucessivamente, devido ao comportamento errático de Stitch, de cuidar de Lilo e de esta ensinar Stitch a ser “um cidadão exemplar”. Quando tudo parecia estar finalmente a correr bem, eis que um acidente acontece no meio das perseguições constantes ao pequeno extraterrestre e a casa das irmãs Pelekai explode.

Entre escapatórias e perseguições, há sempre uma mensagem que paira no ar “Ohana, significa família, família significa que ninguém é deixado para trás ou esquecido” e, para mim, é a melhor lição de vida e prova de amor incondicional que existe.

Stitch abre o seu coração e aprende a comportar-se, Lilo e Nani deixam a solidão de lado para aumentar a sua família. “Lilo & Stitch” é uma história de amor e superação. A estética apresentada com as cores vibrantes, pinceladas, em estilo guache, uma animação feita de ponta a ponta com graciosidade e visualmente bastante apelativa, é um presente excecionalmente embrulhado.

Desde 2002 já saíram, além da série televisiva com 65 episódios entre setembro de 2003 e julho de 2006, quatro filmes, duas séries e um anime.

Este pequeno ser vindo do espaço, gerou um mundo com a sua peculiaridade e design fofo, algo que não tinha intenções de ser, mas visto o público-alvo ser menor de idade, várias alterações tiveram de ser feitas obrigatoriamente.

Estamos no ano 2024 e, vinte e dois anos depois, a febre voltou. O marketing vai desde bolos de aniversário temáticos, a peluches, a roupa e calçado, tatuagens, canetas, entre muitos outros.

A figura é conhecida por todos até mesmo por quem nunca assistiu a nenhum dos filmes ou episódios.

Deixo aqui a minha sugestão, uma história segura de ser apresentada, aprendemos bastante com ela e é uma experiência em família digna de se ter. Não existe idade mínima nem máxima, abram a mente para o que existe para lá do universo e, como prometido no início, viajam sem ter de sair do sofá.

Aloha!

Nota: Este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico.