Há indícios de que o glifosato do produto Roundup tenha efeitos nocivos sobre a saúde, como o aumento da incidência de certos tipos de cancro e alterações do feto por via placentária, gerando microcefalia . Além disso pode causar danos nos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, renal, nervoso e respiratório. Também é uma substância bacteriogênica que impede a reprodução da flora intestinal. A substância também estimula o surgimento do autismo. Fonte: Wikipédia
Feita a apresentação do dito cujo químico produzido e comercializado pela Monsanto proponho agora ao leitor(a) que faça o seguinte exercício:
A Empresa A fornece água. Sucede porém que a dita empresa utiliza um determinado químico no processo de tratamento das águas que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma forte probabilidade de provocar uma série de complicações de saúde graves aos seres humanos que a bebam. Mas a Organização das Nações Unidas (ONU) fez também saber que a utilização do dito químico tem, na sua opinião, uma reduzida possibilidade de provocar doenças irreparáveis a quem beber a dita água.
Face ao exposto o leitora(a) beberá a dita água? Ou preferirá consumir a água da concorrência que, embora sendo mais cara, não é tratada pelo tal químico que divide os especialistas da OMS /ONU?
Na minha opinião acho que é preferível pagar-se mais caro por algo que não levante dúvidas sobre uma mera possibilidade. Sim, uma mera possibilidade. Não nos esqueçamos de que ambas as instituições internacionais concordam num ponto: a utilização do dito químico é prejudicial pata a saúde. O único ponto de discordância está na probabilidade maior ou menor de a sua utilização ser um risco fatal para a nossa saúde.
Ora o que se passa na polémica questão da utilização do pesticida glifosato é a mesma do exercício que expus ao leitor(a). E foi neste sentido que o Bloco de Esquerda (BE) apresentou na Assembleia da República um projecto de lei que proibia o uso do herbicida glifosato em espaços urbanos. Os Bloquistas defenderam esta sua intenção recorrendo à tese do princípio da precaução quando existem dúvidas acerca do risco para a saúde. Tese que, segundo o vimos anteriormente, faz um enorme sentido. O dito projecto de lei foi apresentado e votado na Assembleia da República na passada quarta-feira (18 de Maio) e foi chumbado com os votos contra de PCP (Partido Comunista Português), CDS-PP (Partido do Centro Democrático Social) e PSD (Partido Social Democrata).
A Direita votou contra alegando razões económicas. No entender desta facção política o recurso a outro tipo de pesticida teria custos elevados paras as Autarquias e demais agricultores. O que não surpreende dado que para esta malta p erário público é para se gastar com o que não se deve e nunca com a saúde pública dos portugueses.
Já o PCP rejeitou veemente a proposta do BE porque – passo a citar – perante as dúvidas ainda existentes, têm de realizar-se mais estudos, de modo a obter mais informação científica para apoiar uma decisão política. Para além disto os Comunistas apresentaram também um projecto de resolução recomendando ao Governo medidas para controlar os filofármacos e sua aplicação sustentável, nomeadamente através da criação de uma comissão multidisciplinar para acompanhar esta área.
Trocando isto por miúdos para que todos entendamos a posição do PCP; como não fomos nós (PCP) quem teve a brilhante ideia de apresentar uma medida que serve os interesses de toda a população portuguesa eis que rejeitamos a proposta do BE e apresentamos a nossa que é “mais bonita e até tem um lacinho”.
Durante muitos anos o “povão” tinha a crença de que os Comunistas comiam criancinhas ao pequeno-almoço. Um disparate alimentado pelas forças da Direita num Mundo outrora bipartido em duas ideologias em confronto constante. Hoje a realidade é outra, dado que os Comunistas não comem criancinhas ao pequeno-almoço. Comem antes o seu próprio eleitorado por razões meramente mesquinhas e sem sentido.