A importância da escola na 1ª infância (e em toda a vida)!

A idade que uma criança inicia na escola é muito relativo e se adequa a necessidade de cada família. Cada uma decide quando e onde, obviamente. Os motivos são diversos e não é esse o tema de debate. A pauta é exatamente enaltecer a importância da escola – e da sua equipa – nesses primeiros anos, principalmente na idade entre creche e pré-escola. 

A primeira infância é o período do nascimento até os seis anos de idade e é um tempo crucial para o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança. As experiências vividas nesta fase, tanto positivas quanto negativas, têm forte impacto, de forma profunda e duradoura ao longo da vida adulta, afetando diretamente na qualidade das interações e das memórias para o desenvolvimento do potencial humano.  E ainda assim, com estudos oficiais e razões nítidas, há quem não acredite.

A importância de uma boa escola (e equipa) carrega uma imensa responsabilidade no crescimento de uma pessoa. Dependendo de como esse início tenha sido, pode interferir em toda trajetória de um indivíduo, sem qualquer exagero.

Existem profissionais nessa área, os quais, confesso, me questiono o porquê escolheram essa carreira. Educadores que deseducam e desequilibram. Eu, infelizmente, já tive o desprazer de conhecer, conviver e consequentemente me afastar – e afastar o meu – desses. “Donos” de metodologia arcaica e que consideram correta, repetem erros provavelmente que adquiriram no passado, na própria vida escolar ou pela própria criação que tiveram e reproduzem. Não quebram ciclos. Repetem!

Quando estive na primária, no 4º ano, lembro perfeitamente da minha professora titular bater com a régua na mão de um colega de sala. Não recordo nomes, rostos nem prováveis motivos, mas guardo o ato. Guardo a agressão, não só ao menino como a todos que estavam naquela sala. Todos sem exceção foram alvos. Alvo de abuso, de falta de afeto, de acolhimento, de educação e ensino.

Infelizmente não era um caso isolado ou visto como absurdo há 30 anos – e ainda não era, há pelo menos 12 anos, onde caso similar acontecia com familiares meus e aceito por grande parte dos encarregados de educação. Era normalizado e a maioria das famílias concordava, considerando que “se apanhou é porque teve motivo”, desvalorizando completamente a situação, fortalecendo as atitudes descabíveis dessas educadoras e professoras.

Se isso me “atingiu” mais velha, com 10 anos de idade, imaginem as vivências no período de pré-primária, com crianças na faixa de 2 a 6 anos?

Uma das coisas que ouvi de uma grande amiga, auxiliar de uma escola com essa faixa etária, foi: “A fase da primeira infância é a mais importante no âmbito escolar. É ali que formam toda uma segurança emocional para seguirem…”. Mais sábia, impossível.

Ao escutar isso, partilhando minhas dúvidas se mantinha ou trocava o meu de escola, tomei minha decisão e a mudança aconteceu – e agradeço até hoje, por ter a ouvido e por ter me ouvido também. Mesmo em crianças muito pequenas ou que não sabem se expressar adequadamente, os sinais indicam que algo pode estar errado. E cabe a nós estarmos atentos a isso para agir.

Há ainda quem acredite que a criança não absorve grande coisa ou nem mesmo se preocupe com o que ouvem ou o que “recebem” dentro do ambiente escolar. Basta que lá estejam, com horário para levar e buscar que se adequem na rotina familiar e pronto. Afinal, cada um sabe de si, educa como acha que deve e não entro para julgar.

No entanto, com a experiência de lidar com profissionais, seja no Brasil, seja em Portugal, nessa área de educação, me faz só acreditar e defender que existem mesmo pessoas que não nasceram com o dom de ensinar (e isso não é sobre matemática ou ciências) e nem mesmo deveriam se quer lecionar. Presenciei casos de pessoas próximas que passaram por momentos muito desagradáveis, com bullying e abuso de poder (xingamentos, gritos, impedimento de irem a casa de banho ou beber água) vindo da própria educadora, na sala dos 3/4 anos e que se não houvesse prova dos atos com o posicionamento das famílias para demissão, ainda era capaz da escola ter arquivado o caso e essa mantivesse o emprego, seguindo com a crueldade diária.

E sempre me questiono… Porque escolhem essa profissão? Diante de inúmeras opções, porque uma tão importante, tão visceral, tão humana, tão essencial?

Contudo, da mesma forma que conhecemos essas, também temos o prazer de conhecer aquela que marca a sua vida enquanto ambiente escolar. Eu tive o privilégio de ter algumas boas lembranças dessa época e das queridas professoras que passaram por mim em meu percurso de aprendizado e hoje também tenho a sorte de ter encontrado tão boas professoras – e pessoas – nos caminhos dos meus. E que sorte a deles! Já carregam boas memórias, aprendizados e vivências com essas que realmente tem o dom do EDUCAR, com acolhimento, respeito, exemplo, amor, qualidade e capacidade.

Para esses profissionais, “tiro o meu chapéu” e deixo meu agradecimento. Como costumo dizer, a profissão de professor é, ao meu ver, a mais importante. É a base. É com eles que aprendemos e seguimos para qualquer outra profissão, que consequentemente também depende de alguém que nos ensine e forme.

Um professor é e sempre será a base e muitas das vezes, o acelerador para nosso progresso. E cabe a nós – e quem cuida de nós quando somos pequeninos – buscarmos sempre um acalento bom.

Nota: Esse texto foi escrito seguindo as normas de português do Brasil

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