Eu sou o meu corpo!

“Tens de ver o outro como um outro «eu»” ou “não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”, são frases que vamos ouvindo muitas vezes ao longo da nossa vida. Preocupamo-nos sempre com o nosso “eu” interior mas paramos poucas vezes para pensar que o nosso corpo é parte essencial nesse processo de descoberta de nós mesmos.

A descoberta por aquilo que somos começa logo quando nascemos. Desde que vimos parar ao mundo começamos, de imediato, a afirmar-nos enquanto “Eu” quer pela sopa que gostamos mais quer pelas brincadeiras que não gostamos tanto. Crescemos e continuamos essa busca, desta vez conscientes de que queremos encontrar-nos. Chegamos então à idade de todas as dúvidas. A adolescência é muitas vezes encarada como um bicho de sete cabeças porque tudo se torna duvidoso: O que queremos fazer no futuro? Porque é que a minha personalidade é assim? Será que esta é a minha verdadeira personalidade? Ou vai mudar até tornar-me realmente adulta? Estas são questões para as quais nem sempre temos respostas e, para contornar este problema, fechamo-nos no nosso mundo a fim de tentar perceber qual é realmente o nosso “eu” e o que é que estamos aqui a fazer. Dizem que toda a gente tem um propósito na vida, todos temos um caminho a percorrer, um caminho só nosso e que mais ninguém pode fazer por nós. A verdadeira dificuldade está em encontrar esse caminho.

Ao longo deste processo duro e tenebroso, vamos procurar respostas em todo o lado e mais algum mas poucos são aqueles que põem a hipótese da resposta estar em nós. Em nós e no nosso corpo. Sim, o nosso corpo é um factor determinante na descoberta de nós mesmos. Para conseguirmos encontrar-nos por completo e estarmos bem connosco é preciso termos a chamada “consciência corporal”. No entanto, quantos de nós já ouviram este termo? Consciência corporal é, nada mais nada menos,  do que uma forma de compreensão do corpo, é saber qual é o seu limite e quais os seus pontos fortes e fracos. Conhecermos bem o nosso corpo é meio caminho andado para nos conhecermos a nós, afinal, é ele quem manda as mensagens necessárias ao nosso cérebro para que este possa funcionar. É ele que nos diz que não gostamos de sopa, que somos mais aptos para o futebol do que para a capoeira, que somos mais tolerantes ao frio do que ao calor. Isto aplica-se também aos nossos gostos. É o nosso corpo que nos mostra que nascemos para ser do Benfica ou do Sporting através das sensações que nos transmite quando vemos cada uma das equipas a jogar. Já pararam para pensar que é o vosso corpo que vos diz quando é que estão apaixonados? A vida apenas vos apresenta mil e uma pessoas mas é o vosso corpo quem vos mostra aquela que é a mais especial de todas para vocês, seja através dos pensamentos constantes, dos sonhos à noite ou dos sorrisos para o nada. O vosso corpo tem um papel fulcral na vossa descoberta e por isso é que é tão importante saberem ouvir aquilo que ele voz diz.

Não sei se vão descobrir-se por completo hoje, amanhã ou daqui a 20 anos. Mas tenho a certeza que se souberem ouvir o vosso corpo vão fazê-lo muito mais rapidamente e de forma mais eficaz. Parem de procurar respostas nos livros, nos programas televisivos ou em outras pessoas. A resposta está em vocês mesmos. Psicólogos, terapeutas e cientistas servem para vos ajudar a pensar na forma melhor para se encontrarem mas a resposta parte de vocês. De vocês e do vosso corpo. E se deixássemos de olhar apenas para o nosso corpo quando achamos que estamos gordos e começássemos a olhar para ele todos os dias e agradecêssemos por ele nos passar tantas mensagens?

 

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