Por que caminhos anda Marcelo?

Em tempos de mais um factor de incerteza na Europa, os políticos portugueses movem-se entre minudências e acusações mútuas pueris e o olhar para o lado, como se tudo o que pode estar a passar na União Europeia não nos tocasse, não fosse determinante, para nós também.

Contudo, o pior dos nossos políticos, há anos demasiados, é sentirem-se confortáveis pelas bases legais do país, sem se interrogarem pela justeza e legitimidade de uma Constituição velha e incapaz de nos assegurar um futuro democrático e bem-estar. Lanço o desafio de se porem a imaginar o que teria até ao momento sucedido se em lugar do PS se adiantar com o golpe de Estado palaciano, o segundo Partido mais derrotado nas últimas legislativas tivesse apresentado idêntica solução governativa ao anterior Presidente da República. Refiro-me a uma alternativa que nunca li ou ouvi dizer: o PCP, um dos maiores derrotados na Legislativas, tivesse apresentado um pacto parlamentar idêntico ao que o PS, o mais derrotado de todos nas mesmas eleições, apresentou e que permitiu, em resultado de termos uma Constituição que serve um estado político anti-democrático, esta medíocre e irresponsável solução de ocupação de governo.

No entanto, o que agora se torna cada dia mais relevante, é nos interrogarmos sobre o que move Marcelo, o Presidente que outrora criticava um PS como este e a sua irresponsabilidade, ou o que nem o move, por ter apenas actividade de peregrino de boas disposições incompreensíveis e nenhuma outra actividade, pelo menos útil, pelo menos responsável.

É hoje claro para mim que tão irresponsável é a persistência no Poder contra todos os avisos, da totalidade das Instituições portuguesas (excepto do parlamento comunista que agora temos) e internacionais. Há pouco mesmo, um canal de TV, ao serviço do Bilderberg e de um interesse obscuro, na continuidade irresponsável de dar voz a um só comunista, a um só inimigo da Democracia, dizia o actual timoneiro desse criminoso Partido, que “deixem os portugueses tomarem o rumo que…” (o resto é irrelevante, pois os portugueses não sabem mesmo, não sabem se querem, não sabem se querem saber, não sabem nada!), como muito irresponsável é ouvir da boca de um Presidente formado numa ideologia democrática dizer que está tudo bem, que se tratam apenas de opiniões distintas, normais em democracia (mesmo que gritantemente anti-democráticas?).

Onde estava Marcelo quando Canavilhas ameaçou a Comunicação Social? E João Soares? E Santos Silva, o mal-educado Ministro dos negócios inexistentes, os “estrangeiros”? Onde anda Marcelo quando todos lemos os avisos insistentes? O mesmo Marcelo que avisava o Governo anterior, com ou sem avisos da Europa? O mesmo Marcelo que criticou e avisou Sócrates, por decisões e medidas bem menos gravosas do que as que o comunista (a filiação no PS, já se percebeu é oportunista)?

Onde estará e que fará Marcelo, e como se justificará, quando Portugal acordar falido e bem pior do que em 2011? (lembro que Portugal estava falido deste 2008)?

O que é necessário para que um Presidente (com coragem parece não haver já algum, enfim) entenda que a maior ameaça à democracia e estabilidade (que diz ser-lhe tão cara) é a possibilidade de evitar um resgate mais, uma calamidade mais, que sempre o Povo e apenas o Povo normal e incapacitado por uma Constituição anacrónica e pro-comunista (mas legal, claro!), e por um parlamento anti-democrático e recheado de interesses obscuros, entre privados e ideologicamente comprometidos, terá de pagar.

Onde estará o nosso Presidente, outrora respeitado por tantos portugueses, quando tiver de anunciar a desgraça maior de todas: a falência de um país e de um Povo que não aguenta mais miséria e sacrifícios?

 

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