«Entrámos com muito respeito pelo Sporting», salientou Jesus

Os «leões» apresentaram-se num bom nível mas a mão de Boulahrouz deitou tudo a perder.

Muito se falou acerca de um possível adiamento do encontro entre os dois grandes rivais lisboetas e Godinho Lopes tentou mesmo contactar Luís Filipe Vieira para passar o jogo de segunda para terça-feira (por exemplo), e tudo porque o Sporting jogou a partida da Liga Europa frente ao Videoton, na sexta-feira, isto depois do mau tempo que se fez sentir na capital portuguesa durante o dia de quinta-feira.

Mas tal não foi possível devido a uma série de factores: para já o presidente do Benfica não quis falar com o dirigente leonino porque, segundo Vieira, só dá «confiança a quem quer e merece». Depois, o regulamento da Liga era bem claro – de acordo com o artº23º, nº7º alínea d), «Quando um clube, participante nas competições da UEFA, tenha de disputar um jogo dessa competição à quinta-feira em território estrangeiro tem direito a um intervalo de descanso de 72 horas, calculado entre o final daquele jogo internacional e o início do jogo seguinte na competição nacional». Já a alínea e) refere que «Quando um clube, participante nas competições da UEFA, tenha de disputar um jogo dessa competição à quinta-feira em território nacional tem direito a que o jogo seguinte na competição nacional não se realize na sexta-feira e sábado seguintes à realização daquele jogo internacional». Pelo que o regulamento apenas institui um intervalo de dois dias após a realização do encontro internacional. Para além do mais, o Sporting já tinha realizado duas partidas em menos de 72 horas: empate (0-0) com o Genk (a 8 de Novembro) e vitória (1-0) diante do Sporting de Braga (a 11 de Novembro).

Este encontro era importantíssimo para ambas as equipas: uma vitória do Sporting podia ser o início de uma recuperação na confiança e na classificação. Já o Benfica necessitava do triunfo para prosseguir a luta pela liderança do campeonato com o FC Porto. Ora costuma dizer-se que, nos dérbies, ganha quem está pior. E a verdade é que o início do jogo do Sporting não fez nada jus à terrível época que os «leões» estão a fazer. Aos nove minutos, Emiliano Insúa obrigou Artur a intervir, na cobrança de um livre. Aos 30’, Van Wolfswinkel levou Alvalade ao rubro ao dar o melhor seguimento ao cruzamento de Capel. O golo teve o condão de despertar o Benfica que começou a rondar mais a baliza de Rui Patrício. Lima (33’) e Cardozo (37’ e 42’) foram os mais perigosos.

«Houve uma enorme diferença para a segunda parte. Ao contrário do que pretendia entrámos com muito respeito pelo Sporting. Houve mérito do rival que nos causou dificuldades e marcou um golo. Ao intervalo disse aos jogadores que não estavam a jogar com vontade». Esta última frase, proferida por Jorge Jesus, parece que espicaçou a equipa para o segundo tempo, embora a primeira grande ocasião tivesse sido dos «leões»: valeu Artur a evitar o remate de Elias (54’). Três minutos mais tarde deu-se o primeiro lance de infortúnio para a equipa da casa – Ola John tirou um cruzamento na esquerda, Cardozo cabeceou e Rojo acabou por introduzir a bola na própria baliza (57’). O tento do empate catapultou ainda mais os «encarnados», sendo que nessa altura valeu Patrício a adiar a vantagem visitante (60’ e 70’). Pelo meio, Garay cabeceou ao poste (65’). Apesar de estar a perder o fulgor ofensivo, o Sporting voltou a estar perto de marcar, aos 75’, num remate ao poste de Insúa. Aos 79’, Boulahrouz «substituiu» Patrício e defendeu o remate de Salvio com a mão. O lance revelou-se ser crucial dado que o central foi expulso e Cardozo transformou a grande penalidade. O avançado paraguaio iria bisar na partida, aos 85 minutos, ao finalizar (de cabeça) um cruzamento de Salvio. «Entrámos adormecidos na primeira parte. Depois do golo despertámos, dominámos e criámos oportunidades», declarou Óscar Cardozo no final do encontro, que ainda comentou os assobios dos adeptos à sua forma de jogar: «É normal que as pessoas não gostem do meu estilo mas vou continuar a fazer o meu trabalho.»

Se Jesus ficou satisfeito com a reviravolta dos seus jogadores, Vercauteren mostrou-se insatisfeito com o rendimento da turma leonina no segundo tempo: «A principal diferença da primeira para a segunda parte foi a qualidade. Não soubemos manter a bola e eles pressionaram bastante. Este resultado é exagerado perante um adversário como o Benfica. O factor físico não foi decisivo visto que também existiram erros individuais. O objectivo [terceiro lugar] continua igual mas o trabalho a ser feito terá de ser extraordinário daqui para a frente.»

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