Li na contracapa que o livro era sobre uma mãe que, depois do filho ter cometido um massacre numa escola, escrevia cartas ao marido, tentando, assim, procurar uma explicação racional para o sucedido. Soube imediatamente que queria ler este livro. É o meu género de livro, talvez por não compreender esses casos de massacres, a nível psicológico, e ter muita curiosidade sobre este tipo de temas. Devo dizer, não desapontou.
Devemos lembrar-nos que toda a história é contada da perspectiva de Eva, que, embora seja humana e admita erros, culpa e sentimentos mais complicados, terá sempre uma versão diferente daquela que teriam o marido, a filha ou o filho. Contudo, não conseguimos deixar de acreditar que é ela que tem a versão mais correcta de toda a história.
Os capítulos começam sempre no presente, com uma Eva triste, até culpada, a tentar ultrapassar o grande crime do seu filho e a tentar lidar com as consequências do mesmo. Uma Eva que procura uma explicação junto do seu próprio filho Kevin, a quem visita sempre no reformatório, mas também junto do seu marido, Franklin, através de cartas às quais nunca vemos resposta.
Só nos capítulos finais é que conseguimos ter uma real perspectiva de tudo o que Kevin fez e é – que vai muito para além daquele massacre que mudou a vida de todos os personagens –, conhecemos também de tudo o que Eva foi e é. Tudo o que os dois serão.
Tem um final arrepiante, surpreendente e muito real, que nos faz ficar a olhar para a última página e fechar o livro com um suspiro sentido, compreendendo (quase) totalmente que nunca compreenderemos totalmente nada.
