Vamos abrandar a velocidade?

O mundo evolui a uma velocidade quase vertiginosa, podemos mesmo afirmar que o futuro já não é amanhã, o futuro é já hoje. O que há pouco era novidade, deixou, entretanto, de o ser porque em outro qualquer lugar do mundo já se desenvolveram estudos, ou mesmo investigações que já transformaram em passado, quase mesmo ultrapassado, aquilo que ainda há pouco era uma novidade.

É assim assustadoramente que a vida corre por nós sem pedir licença, nem reduzir velocidade para que a possamos apreciar.

A pergunta que se impõe é: Que sociedade estamos a construir para nós? De que modo conseguimos formar e amadurecer seres humanos conscientes e de valor, se a este ritmo tão assustadoramente rápido mal conseguimos viver?

Não seria de bom tom para a nossa sociedade abrandar a velocidade, e permitir que ao desacelerar pudéssemos aprender com o que tem vindo a ser feito de bom e porventura apurar aqui ou ali alguns (bastantes diria eu) aspetos da vida em sociedade de acordo com o que os entendidos na área estudam e defendem?

Se analisarmos o ponto de vista da ética das relações, sabemos bem que respeitar pode significar “pensar no outro” antes de tomar qualquer atitude. Teremos nós o cuidado de: olhar e pensar mais do que uma vez antes de falar, ofender ou criticar?

A vida em sociedade deverá atentar estes valores, como o da tolerância que devemos ter para com os outros, nem todos tem que pensar do mesmo modo que nós. E por isso importa respeitar todos de igual modo, no âmbito dos seus universos, que podem ser completamente distintos dos nossos.

Se pensarmos na história da humanidade que conhecemos, percebemos facilmente que a evolução nunca foi tão violenta, rápida, e ampla como acontece nestes nossos dias.

O modo como podemos aceder à informação é quase ilimitado, e a cada dia temos uma nova oportunidade de estarmos mais atentos no que diz respeito à diversidade das realidades de todo o mundo.

Logo, este pensamento deveria emergir em nós mais empatia para que promovêssemos a busca pelo conhecimento e a chamada evolução tecnológica e digital como um bem comum, ao serviço de toda a humanidade.

No entanto, nem sempre assim acontece. Se pensarmos no que consideramos como mais pertinente para a nossa vida, egoisticamente vamos pensar no nosso conforto e bem estar. Depois vêm os outros, depois de nós. Até podemos ser muito teóricos sobre o tema, e tecermos muitas considerações sobre a importância de sermos uns para os outros. Mas na hora da verdade, o egoísmo acabará sempre por falar mais alto, e escolhemo-nos a nós. Serão raras as honrosas exceções.

Que caminho é este que a nossa sociedade está a percorrer?

Eu acredito, e espero que nada volte a ser como antes, depois deste período que vivemos e continuaremos a viver, não sabemos bem por quanto mais tempo.

Eu quero acreditar que a sociedade que sairá vencedora desta guerra que agora trava, será uma sociedade mais justa e mais tolerante. Espero ainda que seja uma sociedade verdadeiramente preocupada com o próximo, se não mais, pelo menos tanto como consigo própria.

São tempos de esperança e luz que nos esperam, em que já com a lição aprendida poderemos ser todos mais felizes porque finalmente percebemos que nossa felicidade, a que é real, passa necessariamente pela felicidade daqueles que me rodeiam, só serei verdadeiramente feliz quando todos em minha volta foram também felizes!

“Já que eu sou imperfeito e preciso da tolerância e da bondade dos demais, também tenho de tolerar os defeitos do mundo até que possa encontrar o segredo que me permita remediá-lo.”

Mahtma Gandhi

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