Ler é (Con)Viver

Aderi recentemente à tendência atual de fazer parte de um clube de leitura. Foi uma das melhores decisões que tomei nos últimos tempos.

A leitura sempre foi uma paixão desde os livros da Anita na infância, os livros dos Cinco da Enid Blyton na adolescência, e a descoberta de tantos outros ao longo da vida.

A chegada da Biblioteca Itinerante à minha aldeia era sempre antecipada por uma espera ansiosa. Em cada livro encontrava cheiros à mistura com as letras, dando asas à imaginação e novas descobertas.

Sem dúvida, que um livro é uma porta aberta para outros mundos. Através dele, viajamos no tempo e no espaço, enriquecendo-nos, e despertamos para novas consciências e conhecimentos.

Ter encontrado um clube de leitura na minha cidade, permitiu-me abrir horizontes e obter incentivo para uma leitura mais assídua, que, por vezes, a azáfama da vida não permite ou nos faz descuidar.

Facilita não só o encontro com novos livros, como o convívio ativo com novas pessoas, o nascimento de novas amizades, a partilha de vários pontos de vista e, acima de tudo, o incentivo e a vontade de ler tantos livros que uma vida inteira não seria suficiente.

Há vários tipos de clubes de leitura. Em geral, é escolhido um livro específico para um mês, que todos têm que ler, sobre o qual se discute num encontro pré-programado.

Prefiro a dinâmica do clube a que pertenço: a escolha é livre, cada pessoa lê o que quer, havendo, no entanto, um tema para a dinâmica a ser discutido no encontro mensal.

Semanalmente, agrupamo-nos para ler e falar do que estamos a ler. São encontros muito enriquecedores, com partilhas interessantes de vários temas e pontos de vista.

É interessante observar, como, por vezes, as conclusões e perspetivas dos leitores são diferentes quando, eventualmente, leram o mesmo livro. Constata-se que existem muitos mundos dentro de outros mundos. É fascinante, verificar que a interpretação de cada leitura, depende das vivências de cada leitor e do seu estado psicológico e emocional no momento que o lê. Abrem-se, assim, portas para conhecimento da alma humana em toda a sua diversidade e universalidade.

Em suma, estes clubes proporcionam encontros com pessoas com o mesmo gosto pela leitura, convívio, e permite-nos parar neste mundo tão agitado e cada vez mais ligado à internet, dando espaço para a reflexão e partilha de diferentes ideias. Nunca saímos iguais. Regressamos mais ricos em sabedoria e donos de novos horizontes.

Além de presenciais, também existem on-line e podem envolver pessoas de diferentes idades, com diferentes níveis de experiência em leitura.

Em resumo, os benefícios são inúmeros:

Socialização – permitem que as pessoas com interesses em comum se encontrem e interajam;

Pensamento crítico – estimulam a discussão e o debate sobre os livros, incentivando a análise e reflexão;

Desenvolvimento da autonomia – promovem a descoberta de novos autores e géneros literários, estimulando a autonomia do leitor;

Ampliação da experiência – oferecem uma visão mais ampla do mundo e das diferentes culturas, através das histórias compartilhadas.

Felizmente, existem cada vez mais clubes de leitura no país e devem ser incentivados desde cedo nas escolas a fim de promover este hábito que tem sido tão descurado e que tanto nos enriquece.

A leitura tem o poder de nos juntar e abrir portas.

A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar

José saramago

Nota: Este artigo foi escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico

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