Era mesmo a partícula de Deus?

Onde estamos, por que estamos e por que vivemos são perguntas com as quais não perdemos muito tempo no nosso dia a dia. Acordamos, dormimos sem nunca sequer nos interrogarmos do que é isso do Universo em que vivemos. A verdade é que responder a estas questões é o trabalho de muitos cientistas em todo o mundo, há centenas de anos. Fazem-se descobertas, formulam-se teorias, mas provar como se formou o Universo não é tarefa fácil.

No passado mês de Julho, a descoberta de uma nova partícula subatómica que explica a razão de todas as outras partículas subatómicas terem massa, parece ter dado um novo rumo a esta investigação, que pode vir a encerrar um capítulo da ciência. O alerta foi dado pelo CERN (Centro de Estudos e Pesquisas Nucleares), sediado em Genebra, num anúncio onde afirma ter encontrado sinais de existência da partícula Bóson de Higgs, também chamada Partícula de Deus. Esta partícula é fundamental para explicar o motivo pelo qual todas as partículas constituintes do Universo têm massa e, consequentemente, porque existe o Universo onde vivemos.

Teorizado pela primeira vez em 1964 pelo físico escocês Peter Higgs, o Bosón de Higgs é também chamado Partícula de Deus devido à publicação do livro The God Particle, em 1993, por Leon Lederman (nobel de 1988), onde este explicava a teoria do bóson ao detalhe.

A confirmar-se esta descoberta, encerram-se os estudos do chamado Modelo Padrão da Física, onde constam todos os conhecimentos sobre o comportamento das partículas que constituem o Universo. Este avanço sobre a existência da Partícula de Deus surge no seguimento das experiências feitas pelo maior acelerador de partículas do mundo, o LHC. Os cientistas aceleraram pedaços de átomos e provocaram colisões frontais entre eles. Sucederam-se explosões gigantes, semelhantes às do Big Bang, mas confinadas a um espaço pequeno e fechado. Os cientistas afirmam que a partícula encontrada entre estas explosões poderá ser o Bóson de Higgs. O que confirmaria a teoria. Os físicos terão agora de verificar se esta partícula se comporta com as características verificadas no Higgs.

Para os cientistas, esta descoberta pode abrir portas para outros caminhos na ciência. Terão agora de determinar a sua natureza e o seu significado, o que futuramente poderá mostrar que o Universo é totalmente diferente do que se pensava até agora. Sobre resultados práticos ainda é muito cedo para se falar mas assim como a teoria da Relatividade de Albert Einstein possibilitou o GPS e o mesmo instituto da LHC ajudou na criação da Internet, pode estar-se diante de uma outra teoria capaz de provocar “magia na ciência”.

Terá sido mesmo descoberta a Partícula de Deus? Para Higgs, o achado é “o começo de um novo caminho que vai além do actual modelo da Físico, que não explica tudo. É necessário fazer uma análise mais profunda do Bóson de Higgs e, provavelmente, serão reveladas estruturas mais amplas que se conectam com a cosmologia e a energia obscura do universo, que são fundamentais para a astrofísica e para a cosmologia.”

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