É mesmo isso que acabaste de ler e, se estou louca por dizê-lo, pelo menos não estou louca sozinha. Quem escreveu esta frase também está e sabe tão bem o que diz:
“Vive como se estivesses no hospital. Dá prioridade ao que amas, sem perder tempo. Atira-te para o que te apaixona, sem perder tempo. Sem reticências, sem meias-vontades. Vive como se estivesses no hospital, fechado, cheio de vontade de viver a vida cá de fora, de sentir o sol, a chuva, o mar, o toque da rotina de quem pode viver em liberdade. Usa e abusa da banalidade.”
Pedro chagas freitas
Uns amam, outros odeiam, como em tudo que é impactante na vida, mas independentemente do autor, é uma das grandes verdades da vida. Pena que só vais dar valor, quando estiveres mesmo na cama do hospital ou quem tu gostas esteja.
O ser humano precisa de situações limite para viver. Viver não é contar dias no calendário, deprimir ao domingo, porque depois é segunda-feira (eu adoro as segundas, atrevo-me a dizer que é o dia que mais gosto – há algo melhor do que ter mais sete dias para tentar ser feliz?).Contudo, voltemos ao hospital. Imaginares-te lá não é suficiente, pois não? Tens mesmo de estar lá, porque, no momento em que não tens hipótese de viver, ter saúde e andar, é quando isso se torna em tudo que mais queres.Se pensares em ti numa cama do hospital, privado de tudo o que gostas, privado de todos que fazem parte da tua vida, sem poderes sentir, ver, ouvir. Se te imaginares privado da liberdade ligado às maquinas, a ouvir o médico a dar-te um diagnóstico dramático de poucas horas, dias ou meses, aí tu queres tudo, aí tu queres viver. Então, porque não acordas e pensas todos os dias que estás no hospital com esse prognóstico sentencioso e não vives como se tivesses no hospital? Porque te deixas atropelar pela vida e pelas rotinas?
Se tivesses no hospital, só irias querer ligar a quem nunca tens tempo para ligar e podes ligar “depois”. Porém, se tiveres no hospital e não houver depois? Porque não fazes com a tua vida o que te dá prazer, te faz feliz e te faz viver? Não é assim que pensarias se estivesses a viver numa cama de hospital? Não esperes ver o mundo pela janela do quarto do hospital, vê a vida através da janela da tua vida. Aproveita cada banalidade, cada sopro, queixa-te menos, dá mais, sente mais, vive mais.
Não esperes viver no Hospital para viveres como “se” estivesses nele.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico