A problemática da violência no contexto escolar surge no nosso quotidiano cada vez com mais ênfase. A indisciplina, o vandalismo, o bullying, as agressões psicológicas e físicas a docentes e pessoal não docente, por parte de grupos de alunos violentos, constituem uma enorme preocupação para toda a comunidade educativa.
A violência na escola é um fenómeno geral, existindo tanto em escolas públicas como nas privadas. E é transversal, não dependendo do status social, mas atinge proporções de maior gravidade e intensidade na classe media- baixa, onde predomina as famílias sem instrução e com baixos recursos profissionais e económicos.
Podemos e devemos, no entanto, considerar que a existência deste fenómeno impede o curso fundamental da Democracia, do direito à educação e o desrespeito pelos direitos humanos. Tem que existir uma cooperação entre todos os componentes educativos, desde o Ministério da Educação, passando pelos encarregados de educação, docentes, conselho pedagógico, auxiliares e alunos para erradicar de vez este fenómeno.
A indisciplina na sala de aula é a situação em que mais firmemente, se coloca em causa a autoridade do docente, ocorrendo inúmeros casos de comportamentos perturbadores do funcionamento da mesma, faltando ao respeito a quem pretende unicamente incutir aprendizagem, disciplina e responsabilidade que lhes será deveras útil pela vida adiante.
Muitos destes casos ocorrem devido ao comportamento agressivo desses grupos, que no seu seio familiar, não possuem uma autoridade nem disciplina implantada, sem regras e não admitem ao docente que seja ele, a transmitir-lhes um papel disciplinador. Esses alunos ao não se reverem no aspeto pedagógico do docente devido ao facto de se sentirem desmotivados, e que estão na escola unicamente para passar o tempo, pensando muitas vezes que as suas saídas profissionais são irrelevantes.
Leis que defendem o aluno, agressor, em detrimento do docente, agredido, implanta no seio escolar uma violência incontrolável, tornando a função do docente muito incompreendida, tornando-os vulneráveis, permissivos e um com um desânimo generalizado.
Devido a estes factores de violência gratuita parece-me importante juntar á mesma mesa, todos os elementos que compõem o universo escolar, toda a comunidade educativa tem de colaborar, elaborando estudos, grupos de trabalho e formações mais adequadas ao momento actual, no intuito de melhor o ensino em Portugal!
Parece-me, então, oportuno apontar algumas medidas, que, na minha opinião, poderiam trazer inúmeros benefícios para o panorama educativo no nosso país. Formação inicial aos docentes, que lhes viria facultar formas de promover a gestão eficaz da sala de aula e a resolução positiva de conflitos. Formação igualmente, aos assistentes operacionais para se evitarem situações de violência no recreio, de forma assertiva e eficaz, mas sem recurso à violência.
Projectos educativos que promovam a cidadania, as atitudes não-violentas, o respeito pelo outro, em suma a compaixão. Promoção do desporto escolar, principalmente desportos em equipa e todas as actividades que façam que o aluno se sinta integrado na escola.
Dinamização de acções de informação e formação para os pais e para a comunidade em geral, envolvendo estes últimos nesses programas, de forma concertada. Maior coordenação entre pais e docentes com reuniões periódicas e mensais entre eles, para realçar as situações positivas e negativas, e o que foi melhorado tentando chegar a um bom senso comum.
Maior vigilância dos locais onde ocorrem a maior parte dos actos violentos, como por exemplo recreios, corredores e refeitórios, com aquisição de câmaras de vigilância, contratação de maior número de auxiliares operacionais e comunicação constante com as autoridades.
Promoção da responsabilidade cívica dos alunos prevaricadores, promovendo a estes actos de retractação e horas extras curriculares.
Os pais e encarregados de educação têm, obviamente, um papel preponderante, pois são eles os primeiros e mais importantes modelos de comportamento para os filhos. Se as suas práticas vão nesse sentido, comportamento de não-violência, competências sociais adequadas, respeito pelo próximo, afecto, respeito e valorização da e pela escola, a resolução dos seus problemas sem agressividade, os seus filhos seguiram esses exemplo.
A participação activa nas actividades escolares é muito importante. A violência na escola só poderá ser evitada se toda a comunidade educativa se empenhar, promovendo um ambiente de respeito, afecto, liberdade de expressão, em suma de cidadania positiva.
Chegou o momento de agirmos, por uma escola sem violência, e com gerações futuras com responsabilidade, compaixão e cidadania.